quarta-feira, 23 de março de 2011

POR AMOR

8 – O MEDO DE PERDER

Luís regressou à aldeia sem um rumo definido. As palavras do Manuel, tinham tocado fundo, nos seus sentimentos. Eram mais do que um aviso, muito mais do que um conselho, eram um apelo ao coração. Ele receava que uma aventura pudesse destruir a irmã.
Uma aventura, pensou Luís, o que ele sentira era um fascínio tão grande, que nem saberia como esconder.
Ficara sem nada para dizer ao amigo, mas interiorizara que alguma coisa teria de fazer. E por muito que lhe doesse, compreendia que teria de se afastar de Joana.
Sentiu medo, ele sabia-se tão frágil, que uma simples centelha podia incendiar o peito e a fogueira podia ferir outra pessoa.
Sentou-se no banco da praça, ainda vazia. Pegou no telemóvel e começou a escrever. Era uma mensagem sofrida, de adeus, mas não conseguia encontrar as palavras que precisava. Na sua mente passavam os fugazes momentos que partilhara com Joana. Poucos, mas intensos. E perpassava o receio de uma perda dolorosa.
Viera para aquele lugar à procura de encontrar a paz, a cura para o desânimo, para esquecer as angústias dum viver sem sentido e num breve encontro tudo esquecera.
Apagou a mensagem começada, o que tinha de dizer não cabia num texto limitado.
Voltou a recorrer ao portátil e começou a escrever uma carta de amor, de sofrimento, de desespero, de renúncia. Tantas vezes descrevera nos seus romances um sentimento semelhante,que agora temia repetir frases sem ter em conta que, agora era diferente. As personagens não eram inventadas, eram pessoas, era ele e a mulher que lhe tinha despertado a paixão.
Não queria reler a carta, temia que uma simples correcção lhe roubasse o sentir mais profundo. Ele não lhe importava com o mundo, não invejava os outros. Tinha perdido muito da sua vida, mas agora só a tinha a ela e só ela queria ter.
Foi para casa, a casa vazia, imprimiu a carta e colocou-a na mesa de entrada.
Depois, com a alma em ânsias e com a esperança de ouvir alguém abrir a porta, chamou um táxi, arrumou a bagagem e partiu como havia chegado. Olhou para a casa da colina, sentiu um aperto no peito, mas jurou que haveria de voltar.

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