2009 /2010
Foi-me difícil escrever sobre este período, os dois últimos anos da primeira década do segundo milénio.
Escrito assim, com esta inarrável presunção, até poderá parecer que os frutos, os textos anteriores, teriam tido algum conteúdo excepcional. Mas o que escrevi foi o resultado de memórias que guardei, dos livros que li, das lições que fui aprendendo e das dúvidas que nunca esclareci.
Escrevi sobre este biénio, mas apaguei com toda a raiva que sentia e que fora acumulando ao longo do tempo dos prodígios.
Resolvi parar, tentando uma saída. Mas ao recomeçar as palavras eram mais amargas, sabiam a desilusão, revolta e amargura.
Sentia que falar sobre aqueles anos seria como se tentasse ultrapassar um obstáculo e que na hora da verdade me faltariam as forças. E foi isso que aconteceu.
De facto foram anos difíceis do ponto de vista pessoal. O ano de 2009 foi o ano do purgatório e 2010 a ameaça do fim. Mas reconheço que foi naqueles momentos difíceis que me fizeram encontrar um novo alento, uma forma de soltar os desejos adormecidos, que para o bem ou para o mal, soltei para olhar um espelho e encontrar um amigo e para olhar o mundo com alguma esperança.
Decidi que, já que a memória me atraiçoou, o mais prudente seria omitir os factos relacionados com a força da Mãe natureza, já que só tremores de terra foram vários.
Fazer por esquecer a destruição da vida de muita gente, apanhada nesse tsunami financeiro com epicentro em Nova Iorque mas que depressa atravessou o oceano Atlântico, trazendo desemprego e pobreza para muitos e muito dinheiro para alguns.
Esquecer porque queria gritar a minha indignação pela ignorância e falta de valores dos líderes Europeus e a sua frieza; Essa ignorância histórica fez surgir as manifestações de egoísmo e de xenofobia, que destruíram a ideia de um espaço comum e lançou os germens da desconfiança entre os bárbaros do norte e os povos do Mediterrâneo, berço da civilização moderna.
Abriram-se feridas que nunca mais serão esquecidas.
E o sonho duma Europa morreu, afogada nos inúmeros gabinetes onde uma miríade de homens e mulheres, fingem trabalhar, mas se limitam a aguardar pelo “ditact” alemão.
Foi com frenesim que procurei alguma coisa de que valesse a pena recordar e me devolvesse a coragem. Mas tive vergonha porque de recordações restou apenas a memória de gente que partiu e de quem aprendi a gostar. Ficou a saudade.
Em 2009:
E portugueses que com saber e talento me deram muitos momentos de felicidade.
A ver cinema para além do ecrã, JOÃO BENARD DA COSTA
E a rir ou a chorar com o talento de RAUL SOLNADO.
E também em 2010 ficamos mais pobres.
Morreu o cineasta Eric Rohmer , que me traz à memória um excelente filme” A minha noite em casa de Maud”
E o realizador italiano Mario Monicelli, o filme da sua vida, um suicídio saltando de um quinto andar do Hospital onde a ninguém lhe deu a mão para encontrar uma morte assistida para uma doença terminal e que os seus mais de noventa anos mereciam.
E é com cinema, do melhor, que termino.
O filme “Crazy Heart” e um grande actor, Jeff Bridges
Coração Louco, foi a melhor maneira de terminar esta minha aventura pelo tempo dos prodígios.
Foi-me difícil escrever sobre este período, os dois últimos anos da primeira década do segundo milénio.
Escrito assim, com esta inarrável presunção, até poderá parecer que os frutos, os textos anteriores, teriam tido algum conteúdo excepcional. Mas o que escrevi foi o resultado de memórias que guardei, dos livros que li, das lições que fui aprendendo e das dúvidas que nunca esclareci.
Escrevi sobre este biénio, mas apaguei com toda a raiva que sentia e que fora acumulando ao longo do tempo dos prodígios.
Resolvi parar, tentando uma saída. Mas ao recomeçar as palavras eram mais amargas, sabiam a desilusão, revolta e amargura.
Sentia que falar sobre aqueles anos seria como se tentasse ultrapassar um obstáculo e que na hora da verdade me faltariam as forças. E foi isso que aconteceu.
De facto foram anos difíceis do ponto de vista pessoal. O ano de 2009 foi o ano do purgatório e 2010 a ameaça do fim. Mas reconheço que foi naqueles momentos difíceis que me fizeram encontrar um novo alento, uma forma de soltar os desejos adormecidos, que para o bem ou para o mal, soltei para olhar um espelho e encontrar um amigo e para olhar o mundo com alguma esperança.
Decidi que, já que a memória me atraiçoou, o mais prudente seria omitir os factos relacionados com a força da Mãe natureza, já que só tremores de terra foram vários.
Fazer por esquecer a destruição da vida de muita gente, apanhada nesse tsunami financeiro com epicentro em Nova Iorque mas que depressa atravessou o oceano Atlântico, trazendo desemprego e pobreza para muitos e muito dinheiro para alguns.
Esquecer porque queria gritar a minha indignação pela ignorância e falta de valores dos líderes Europeus e a sua frieza; Essa ignorância histórica fez surgir as manifestações de egoísmo e de xenofobia, que destruíram a ideia de um espaço comum e lançou os germens da desconfiança entre os bárbaros do norte e os povos do Mediterrâneo, berço da civilização moderna.
Abriram-se feridas que nunca mais serão esquecidas.
E o sonho duma Europa morreu, afogada nos inúmeros gabinetes onde uma miríade de homens e mulheres, fingem trabalhar, mas se limitam a aguardar pelo “ditact” alemão.
Foi com frenesim que procurei alguma coisa de que valesse a pena recordar e me devolvesse a coragem. Mas tive vergonha porque de recordações restou apenas a memória de gente que partiu e de quem aprendi a gostar. Ficou a saudade.
Em 2009:
- Maurice Jarre
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- Michael Jackson,
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- Mercedes Sosa
- Pina Bausch
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E portugueses que com saber e talento me deram muitos momentos de felicidade.
A ver cinema para além do ecrã, JOÃO BENARD DA COSTA
E a rir ou a chorar com o talento de RAUL SOLNADO.
E também em 2010 ficamos mais pobres.
Morreu o cineasta Eric Rohmer , que me traz à memória um excelente filme” A minha noite em casa de Maud”
E o realizador italiano Mario Monicelli, o filme da sua vida, um suicídio saltando de um quinto andar do Hospital onde a ninguém lhe deu a mão para encontrar uma morte assistida para uma doença terminal e que os seus mais de noventa anos mereciam.
E é com cinema, do melhor, que termino.
O filme “Crazy Heart” e um grande actor, Jeff Bridges
Coração Louco, foi a melhor maneira de terminar esta minha aventura pelo tempo dos prodígios.
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