sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

IN AMERICA


FLORIDA

Fechou a caixa. Afinal fora mais simples de se encontrar, de recordar onde estava e qual a sua missão.

Arrumou a bagagem e preparou-se para sair. Barba feita, roupa lavada, olhando ao espelho Pedro percebeu que estava na posse das suas capacidades. Olhou as mãos, que sempre lhe tinham merecido especial atenção, não fora o facto de serem uma arma que muitas vezes lhe salvara a vida. Precisavam de cuidados e teria de procurar um salão com manicuras para lhe darem o aspeto a que sempre se habituara. Espreitou na janela, estava um dia de sol, prenúncio de um dia quente. Obviamente só poderia ser assim. Estava algures na Flórida, o sol brilhando e o azul do mar das Caraíbas eram a prova.

Desceu do quarto carregando a bagagem. No saco de viajem encontrara roupa nova que agora vestida, lhe davam o aspeto de turista endinheirado.

Foi o que certamente chamou a atenção do rececionista do apart-hotel que o olhou com um sorriso, talvez antecipando uma boa gratificação e ao receber a chave do apartamento lhe deu as notícias.

- É bom ter amigos e o senhor é a prova. Quando na semana passada ajudei a subir para o quarto, o homem cansado e ferido, que o senhor Alonzo, proprietário deste bloco de apartamentos aqui acompanhou, duvidei ser possível uma recuperação como a que, graças a Deus, hoje posso testemunhar.

 Pedro esboçou um sorriso, do bolso retirou dinheiro, separou uma nota de cinquenta Dólares e estendeu-a ao rececionista e ao pedir a fatura do alojamento, soube o resto da história que, aliás, já imaginara.

- As suas despesas foram asseguradas pelo senhor Alonzo, respondeu o rececionista enquanto aceitava a gorjeta. Ele foi muito claro, o senhor Morales seria tratado como um amigo e não um hóspede. E não se referia apenas ao alojamento, também garantiu que uma equipe médica do Hospital de” las Cruces”, faria o seu acompanhamento enquanto a sua saúde o justificasse. O meu patrão está de viajem, ficará feliz por o saber de boa saúde e certamente entrará em contacto com o senhor logo que tal lhe for possível. E com um sorriso estampado no rosto queimado pelo sol das Caraíbas e no sotaque naturalmente latino, o rececionista abriu uma gaveta, retirou um envelope fechado que estendeu ao hóspede, concluindo:

-O Senhor Alonzo antes de partir deixou-me este envelope que eu lhe deveria entregar logo que o senhor mostrasse disposição para partir. É este o momento.

Pedro agradeceu com um sorriso, abandonou o hotel, tomou um táxi que passava e deu como destino o aeroporto internacional de Miami.

Enquanto o táxi fazia o longo percurso entre o apartamento que ocupara em Daytona Beach e o aeroporto abriu o envelope. Sem surpresa encontrou um cartão bancário, uma licença de condução, uma chave solta, uma fotografia de um casal, com um número de telefone escrito no verso e, finalmente, um passaporte. Percebeu a mensagem, o casal seria o alvo a abater por Pedro Morales, agora a sua identidade. O passaporte fora emitido em Porto Rico, tinha averbado bastantes vistos, o último dos quais confirmava a sua entrada nos EUA, no terminal de cruzeiros de St. Augustine. Florida.

 

 

 

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