Hoje vou tentar contar uma história. Uma história
que começa lá longe, nos primórdios da civilização ocidental e que se acaba,
nos nossos dias.
É uma história escrita pelo sangue, dum povo que,
partiu nas caravelas procurando e encontrando outros povos, outras terras. E deu
a vida ao mar em que navegou.
X. Mar
Português
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
(Mensagem
de FERNANDO PESSOA)
E esse
povo que ficou para sempre ligado ao mar, de costas voltadas para a Europa, que
sempre nos viu como um povo de servos bem comportados.
E este
povo de servos que foi conquistado por Reis valentes e destemidos, mas que até teve
um Rei que escrevia poesia, foi perdendo a sua valentia, esqueceu a coragem dos
seus antepassados e deixou-se capturar pelos medíocres que durante dezenas de
anos prosperaram à sombra dum ditador, que convivia com o Franco e fazia por
ignorar os horrores da nazismo e da sanha sanguinária de Hitler e dos seus
comparsas.
E este
Povo resistiu à pobreza, à ignorância, mas que guardou sempre o orgulho duma
nação de Navegadores e também de Poetas.
E fez
uma revolução cujo emblema foi uma flor no cano de uma espingarda e o olhar
terno de uma criança.
Pois
foi assim a gesta, o triste fado deste País de brando costumes que, sem um
grito deixou que tudo fosse vendido, as fábricas, a Banca, as redes de energia,
que ainda acabará por vender a água dos rios que nos percorrem. E até para
maior vergonha, vendeu a pobre língua.
Hoje o
Português já não é a língua de Camões, de Pessoa, de Herculano, de Régio, de
Torga, de Saramago e de todos os outros que escreveram os livros e os poemas
que os que nos (des) governam, já esqueceram ou nunca souberam.
Que mais teremos de vender? Talvez uma mão cheia de
políticos, haja quem os queira comprar, pois o mundo está cheio de vendilhões
do templo.
Eu não sei por onde ir, sei que o caminho se vai
estreitando, mas grito pela voz de um grande Actor e faço minhas as palavras
dum grande poeta.
NÃO VOU POR AÍ.
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