Não gosto do mês de Novembro dizia um companheiro de café.
Porquê era a pergunta óbvia que ficou no ar?
“ Não sei. Nem consigo explicar, mas durante os anos que levo de vida sempre consegui encontrar motivos para ligar momentos importantes e prazerosos todos os meses do ano mas Novembro ficou e ainda hoje fica sempre em branco. Melhor, Novembro apenas me ocorre quando relembro uma dor profunda, uma ausência difícil, um encontro que se transformou em desencanto, um adeus, um beijo negado, um abraço falso, uma promessa quebrada.
Calado e pensativo o “filósofo” ocasional olhou para os ouvintes acidentais, como a pedir desculpa pelo seu tom inflamado da condenação do pobre mês de Novembro, apenas culpado pelos seus humores e desamores.
Perante a indiferença dos ouvintes, pagou o café e saiu para a rua e para a chuva que caia com intensidade.
O empregado de mesa sorriu e comentou em voz alta:
“ Coitado do Senhor Manuel, esqueceu-se do chapéu-de-chuva. E logo agora que ela cai com intensidade. Vai chegar a casa encharcado e com mais uma razão para oi seu mau humor. Eu até compreendo o seu desabafo, continuou o empregado. Para quem vive só, rodeado apenas por recordações dos que já partiram o mês de Novembro será sempre um mês triste, sem sol e sem luz.”
Mas afinal o mês de Novembro, digo eu, testemunha do desespero do senhor Manuel, é apenas em mês igual aos outros, com os mesmos dramas, as mesmas queixas, a mesma dor. Como na vida, mesmo na solidão dos dias mais tristes, poderá haver momentos de amor. Foi isso que recordei ao ver um filme que, ironicamente tem por título, “Sweet November”. É uma história de dor e ao mesmo tempo um hino ao amor. E é deste filme que vos deixo algumas imagens e uma melodia com um belo poema.
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