A LUZ E A SOMBRA
“HABEMUS PAPAM” , era a notícia escolhida para a primeira página deste pequeno
jornal, no dia 13 de Março de ano 2013, ano de todos os perigos.
O Conclave de Cardeais, uma
espécie reunião de sábios da Igreja Católica ou como muitos pensam, o Conselho
de Administração do Vaticano, surpreendera meio mundo com a escolha de um
Cardeal desconhecido, vindo do outro lado do mundo, que se apresentou aos
crentes e não só, como um homem simples, no gesto e nas palavras.
E Francisco, o nome que escolheu
dizia alguma coisa sobre o seu pensamento.
Houve lágrimas de alegria, sorrisos
de esperança mas também o receio que o Papa Francisco não tenha força, coragem e
vontade para limpar, profundamente os gabinetes do Vaticano.
Se o não fizer será apenas mais
uma promessa esquecida e mais um degrau no declínio da Igreja Católica.
Mas tenhamos esperança que com
sabedoria saiba rodear-se dos bons e dos puros, para que lhe não aconteça nenhum
acidente, como a João Paulo I.
É contudo o primeiro Jesuíta a
ocupar o lugar mais alto na Igreja.
A escolha de Francisco como nome
de Papa, atenua a intranquilidade que o facto de ser da Companhia de Jesus, traz
aos mais conhecedores da História das Religiões. Mas com esperança bebida na
simplicidade do Papa Francisco, a história da evangelização e extermínio dos
Povos nativos das Américas Central e do Sul, foi esquecida e, quem sabe, até
perdoada.
Dia 13 de Março era, apesar de
algumas reticências, um dia de esperança para o mundo. Um dia de sol.
A ÚLTIMA CONFERÊNCIA
Mas sobre nós caiu a sombra.
Este pobre e ignorado povo,
desta língua de terra que o mar vai levando metro a metro, o sorriso do Papa
Francisco depressa se iria esquecer. E foi logo numa sexta-feira,
dia 15 do mesmo mês, que assistimos com o coração nas mãos e uma lágrima
amarga, à leitura da uma penitência bem dura.
Quem nos ameaçou com o fim, foi um Ministro que com uma voz sem alma, acompanhado
por um séquito de personagens que pareciam ter fugido de um qualquer lugar bem
obscuro.
Mais uma vez a folha de Excel
onde ele inventa as previsões económicas, por mais disparatadas que sejam, falhou. Mas tudo estava bem, a visita dos cavaleiros do Apocalipse tinha sido um sucesso. Faltava, contudo, completar a receita para o sucesso, escolhendo os que deverão ser
sacrificados a favor da insaciável besta negra do capital financeiro
internacional e dos amigos do costume. Afinal era preciso mais vítimas, mais pobreza,
mais miséria. Mais desemprego, oportunidade única para que os que ainda puderem andar, partirem à procura do sustento de cada dia. Como sempre o nosso Governo deu-nos a escolher. Ou morremos mais depressa ou morreremos mais devagar.
O garrote que nos foi anunciado
fará esconder o sol, oferece-nos a sombra escura do desespero.
Todavia na mesa
fúnebre onde Gaspar lia o livro dos castigos, dois dos principais personagens
tinham fugido. Pedro, já não admirava. Não fora ele que na última ceia negara
conhecer Jesus?
E Paulo, o mais inteligente, prudentemente viajara para bem longe.
Assistimos mansos como cordeiros
à degola dos inocentes. Entre tantos descamisados, por obra e graça do "Espírito
Santo" talvez alguém alcance a salvação.
Mas se os católicos olham para o
Papa Francisco com esperança, nós vamos olhar para quem?
Os italianos votaram num grilo falante que promete por a cabeça em água aos seus parceiros Europeus.
Nós não temos essa sorte. As formigas emigraram ficamos só as cigarras que já não sabem cantar.
Assim nunca mais sairemos da cepa torta. Voltaremos a ser miseráveis e as trevas perdurarão por muitos anos.
A punição não deixa de ser
merecida, para quem tanto erro cometeu.Nós não temos essa sorte. As formigas emigraram ficamos só as cigarras que já não sabem cantar.
Assim nunca mais sairemos da cepa torta. Voltaremos a ser miseráveis e as trevas perdurarão por muitos anos.
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