Quase sem dar por isso, deixo-me levar até ao período da antiga Grécia, a Grécia dos mitos, berço da nossa civilização. Fui um devorador dos livros, necessariamente, li e reli a Ilídia e a Odisseia, Homero sempre me fascinou e hoje relembro a longa e aventurosa viagem de regresso de Ulisses, dez anos de viagem depois de outros dez anos de cerco e destruição da cidade de Troia. Nesse épica viagem pelo Mediterrâneo, ao largo da costa da Itália que hoje conhecemos, os marinheiros ouviram o canto das sereias, uns seres marinhos que como deusas de rosto e tronco de mulheres, utilizavam o seu canto melodioso, com voz doce e inebriante, para atrair os marinheiros que, fascinados, deixavam que os barcos naufragassem. Escreveu Homero, que Ulisses, para defender os seus homens do naufrágio e da morte, mandou tapar com mel os ouvidos dos marinheiros, evitando que eles se deixassem inebriar pelo canto das sereias, e pudessem continuar a procurar o caminho de regresso à sua ilha de Ítaca.
Quem diria que tantos séculos depois, o mesmo mar iria devorar milhares de homens, mulheres e crianças que, seduzidos pelo canto duma sereia quase venenosa, rica e anafada chamada Europa? Não eram marinheiros que regressassem duma batalha, eram sim os esquecidos que fugiam da pobreza e da morte. Eram e são vítimas do mais terrível dos negócios. O tráfico de homens, mulheres e crianças.
Mas a Europa que procuravam já não existe. O sonho morreu.
Grécia?
Sim, os GREGOS, servirão de exemplo.
Eu, por mim, GRITO AO VENTO: EU TAMBÉM SOU GREGO!
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