sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

O CANTO DAS SEREIAS


Quase sem dar por isso, deixo-me levar até ao período da antiga Grécia, a Grécia dos mitos, berço da nossa civilização. Fui um devorador dos livros, necessariamente, li e reli a Ilídia e a Odisseia, Homero sempre me fascinou e hoje relembro a longa e aventurosa viagem de regresso de Ulisses, dez anos de viagem depois de outros dez anos de cerco e destruição da cidade de Troia. Nesse épica viagem pelo Mediterrâneo, ao largo da costa da Itália que hoje conhecemos, os marinheiros ouviram o canto das sereias, uns seres marinhos que como deusas de rosto e tronco de mulheres, utilizavam o seu canto melodioso, com voz doce e inebriante, para atrair os marinheiros que, fascinados, deixavam que os barcos naufragassem. Escreveu Homero, que Ulisses, para defender os seus homens do naufrágio e da morte, mandou tapar com mel os ouvidos dos marinheiros, evitando que eles se deixassem inebriar pelo canto das sereias, e pudessem continuar a procurar o caminho de regresso à sua ilha de Ítaca.
Quem diria que tantos séculos depois, o mesmo mar iria devorar milhares de homens, mulheres e crianças que, seduzidos pelo canto duma sereia quase venenosa, rica e anafada chamada Europa? Não eram marinheiros que regressassem duma batalha, eram sim os esquecidos que fugiam da pobreza e da morte. Eram e são vítimas do mais terrível dos negócios. O tráfico de homens, mulheres e crianças.


Mas a Europa que procuravam já não existe. O sonho morreu.


 Grécia?

 
Será que escrevo lembrando o seu papel na construção da nossa civilização ou fui induzido pelas notícias de que a Europa dos bárbaros, sedenta de dinheiro, ainda que obtido à custa da miséria das outras Nações, que não souberam resistir ao canto das sereias e se deixaram iludir pelas promessas de gente sem escrúpulos, sem moral que transformaram o sonho de uma Europa unida, no pesadelo que nos faz recuar no tempo, bateu à porta reclamando a sua vontade soberana?


Sim, os GREGOS, servirão de exemplo.
Eu, por mim, GRITO AO VENTO: EU  TAMBÉM SOU GREGO! 




 

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