2003
Ano comum designado pela ONU como Ano Internacional da Água Potável.
A propósito lembro-me que li, não sei onde e quem o disse ,a seguinte afirmação.
“Não sei quando será a terceira guerra mundial mas sei que será pela água potável”. Foi certamente a pensar naquela afirmação que a ONU escolheu 2003 para ano internacional da água.
E muita água correu, só que de potável pouco tinha.
Procuro na memória, mas confesso, que apenas um acontecimento poderia ser ligado a designação da ONU, que sempre se mostrou muito assertiva nas suas classificações. Pois foi uma intervenção da Natureza que mostrou a tragédia, o horror, a miséria e a pobreza de um povo esquecido e que de repente ocupou todo o espaço da informação.
E durante esse período houve água potável, houve solidariedade, mas passado o efeito mediático, tudo se esfumou. Hoje já não se fala da tragédia, outras ocuparam o seu espaço.
Logo no início do ano, o Haiti foi palco de um dos mais violentos terramotos que devastou a capital, Porto Príncipe, deixando mais de duzentos e trinta mil mortos, espalhados pelas ruas, soterrados nos seus casebres e mais centenas de milhar de pessoas sem água, sem comida e sem esperança.
Mas o mundo respondeu com ajuda. Milhares de voluntários partiram em socorro. A Missão de Paz da ONU conseguiu juntar bilhões de dólares para a ajuda e para e reconstrução. Mas como sempre acontece, uma parte substancial do dinheiro angariado foi para às mãos do costume e nove anos depois a cidade permanece um enorme campo de refugiados entregues ao destino. E à fome juntou-se a cólera, que fez milhares de mortos entre os mais fracos. Porque afinal a água potável fora apenas uma nuvem passageira.
A cimeira das Lajes nos Açores fora apenas mais um embuste para enganar o povo. Tudo era legítimo, desde a falsificação de informações sobre a força militar do Saddam Husseim até cenários bem mais elaborados.
O jornal New York Times, cita um memorando secreto britânico sobre um encontro dos dois políticos a 31 de Janeiro na Casa Branca, revelando que Bush e Blair constataram que nenhuma arma de destruição maciça tinha sido encontrada no Iraque pelos inspectores da ONU e que o presidente norte-americano referiu a possibilidade de provocar um confronto sacrificando, por exemplo, um avião de vigilância norte-americano pintado com as cores da ONU. Uma ideia que só podia nascer na cabeça do Bush.
- Começo por assinalar a morte do João César Monteiro, o realizador português inconformado e desalinhado. Deixou filmes que fazem história, hoje e amanhã;
Ano comum designado pela ONU como Ano Internacional da Água Potável.
A propósito lembro-me que li, não sei onde e quem o disse ,a seguinte afirmação.
“Não sei quando será a terceira guerra mundial mas sei que será pela água potável”. Foi certamente a pensar naquela afirmação que a ONU escolheu 2003 para ano internacional da água.
E muita água correu, só que de potável pouco tinha.
Procuro na memória, mas confesso, que apenas um acontecimento poderia ser ligado a designação da ONU, que sempre se mostrou muito assertiva nas suas classificações. Pois foi uma intervenção da Natureza que mostrou a tragédia, o horror, a miséria e a pobreza de um povo esquecido e que de repente ocupou todo o espaço da informação.
E durante esse período houve água potável, houve solidariedade, mas passado o efeito mediático, tudo se esfumou. Hoje já não se fala da tragédia, outras ocuparam o seu espaço.
Logo no início do ano, o Haiti foi palco de um dos mais violentos terramotos que devastou a capital, Porto Príncipe, deixando mais de duzentos e trinta mil mortos, espalhados pelas ruas, soterrados nos seus casebres e mais centenas de milhar de pessoas sem água, sem comida e sem esperança.
Mas o mundo respondeu com ajuda. Milhares de voluntários partiram em socorro. A Missão de Paz da ONU conseguiu juntar bilhões de dólares para a ajuda e para e reconstrução. Mas como sempre acontece, uma parte substancial do dinheiro angariado foi para às mãos do costume e nove anos depois a cidade permanece um enorme campo de refugiados entregues ao destino. E à fome juntou-se a cólera, que fez milhares de mortos entre os mais fracos. Porque afinal a água potável fora apenas uma nuvem passageira.
Mas o ano até começara bem. Logo no primeiro dia Luís Inácio Lula da Silva assume a presidência da República do Brasil. Quem diria que um operário caldeado em tantas lutas a favor dos trabalhadores, conseguiria ocupar o palácio e dar um raio de sol aos pobres de um dos maiores Países do mundo? E depois de alguns solavancos a economia brasileira cresceu. O País do samba e do carnaval foi-se transformando numa potência financeira.
Algumas das imensas bolsas de pobreza viram chegar a esperança de melhores dias.
Mas faltava mais uma guerra para alimentar o apetite devorador do capital internacional. A sociedade já havia identificado o eixo do mal, urgia agora enfrentar e destruir o mais fraco.
E foi nos Açores, cenário mais pacífico, que os mosqueteiros e juntaram para numa reunião de emergência encenarem um último gesto de diplomacia antes do ataque, inevitável, contra o Iraque.
E lá estavam os três mosqueteiros, representando as forças do bem e da civilização. Eram eles o presidente americano George W. Bush, o chefe de governo de sua majestade britânica, o diligente Tony Blair e José Maria Aznar o primeiro-ministro do Reino de Espanha. Ai, quase me ia esquecendo. Faltava o mordomo para abrir as portas e servir as bebidas. E esse importante lugar, que deu direito a fotografia e algumas palavras ocas, foi reservado ao primeiro ministro da República Portuguesa. Sim ao José Manuel Barroso que não perdeu a oportunidade de ser dar a conhecer ao mundo.
O jornal New York Times, cita um memorando secreto britânico sobre um encontro dos dois políticos a 31 de Janeiro na Casa Branca, revelando que Bush e Blair constataram que nenhuma arma de destruição maciça tinha sido encontrada no Iraque pelos inspectores da ONU e que o presidente norte-americano referiu a possibilidade de provocar um confronto sacrificando, por exemplo, um avião de vigilância norte-americano pintado com as cores da ONU. Uma ideia que só podia nascer na cabeça do Bush.
E no final da aventura militar em que as forças aliadas se meteram para libertar o Iraque e destruir o seu imenso arsenal de armas químicas e bacteriológicas, hoje ainda por descobrir, depois de milhares de mortes e de mais uma geração perdida num conflito sem sentido, os três arquitectos chefes dessa guerra lá foram despachados para os caixotes na História.
Mas o nosso amigo, o José Manuel seguiu em frente. Deixou o Governo de Portugal, pouca coisa para uma mente brilhante e assinou contrato, muito bem remunerado para desempenhar um lugar, ainda que de segundo plano, como Presidente da Comissão Europeia. Quem diria!
Já chega de tragédias.
Mas continuo a falar de mortos, mas que sobrevivem na minha memória. E vou falar de cinema, os mais entendidos que me perdoem.
- O desaparecimento de uma senhora do cinema. E tantos filmes nos marcaram.
Mais do que uma estrela, Katharine Hepburn, foi um símbolo e que sempre pensou pela sua cabeça. Numa entrevista ousou dizer que sempre se considerara, afirmativamente, liberal. Nos anos quarenta, onde a histeria anti-comunista ganhava poder, Katharine Hepburn ousou ainda fazer um discurso contra a censura praticada pela, tristemente célebre comissão Mccarthy . A ousadia custou-lhe a sua apresentação para depoimento na sede da referida comissão.
Mais do que uma estrela, Katharine Hepburn, foi um símbolo e que sempre pensou pela sua cabeça. Numa entrevista ousou dizer que sempre se considerara, afirmativamente, liberal. Nos anos quarenta, onde a histeria anti-comunista ganhava poder, Katharine Hepburn ousou ainda fazer um discurso contra a censura praticada pela, tristemente célebre comissão Mccarthy . A ousadia custou-lhe a sua apresentação para depoimento na sede da referida comissão.
- Para finalizar quero escrever sobre Elia Kazan, outro desaparecido neste ano de 2003.
Apesar de ter sido acusado por ter denunciado como simpatizantes do partido comunista americano, colegas do mesmo ofício, realizadores que foram ostracizados, argumentistas que tiveram que escrever sob nomes falsos, actores que ficaram sem trabalho, Kazan deixa um legado muito importante para quem gosta do cinema, enquanto arte performativa.
Foi o fundador da mais premiada escola de representação, o Actor´s Sudio, onde se ensinava, utilizando o método Stanislavski.
Por aquela escola passaram os actores que marcaram a minha geração. E dos filmes de que guardei memória.
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