Ano 2002
- Ano Internacional das Montanhas.
- Ano Internacional do Ecoturismo.
- Ano Internacional do Património Cultural, pela ONU.
Os factos mais relevantes começam com a entrada em vigor do Euro, substituindo as doze moedas dos Países da EU. Essas moedas foram classificadas nos arquivos como sendo património cultural. E só assim podia ser. Agora os doze países eram irmãos, falavam a mesma linguagem do dinheiro e as diferenças culturais foram engavetadas.
Mais de 300 milhões de pessoas iam assumir um caminho comum. O caminho da paz e do desenvolvimento. Era um caminho cheio de pedras mas de tropeção em tropeção cada país foi marchando alegremente para a riqueza, alguns e outros para a pobreza. Era o destino. Que se adivinhava.
A EU nasceu no tempo em que os líderes eram fortes e respeitados. Depois transformou-se duma agência de empregos, sem direcção política, sem poderes, navegando ao abrigo das conveniências e das alianças que se foram formando.
Porém no outro continente havia liderança. E que liderança! O Presidente dos EUA chamava-se George W. Bush e só por malvadez os eleitores americanos o tinham escolhido. Era um homem sem poder, sem força, sem projecto. Mas foi com ele que os EUA iriam assumir o papel de polícias do mundo. O resultado era fácil de adivinhar.
E ele não escondeu esse propósito, durante o Fórum de Davos para discussão do futuro da globalização, essa grande ideia que anos mais tarde muitos haverão que condenar, identificou o Irão, o Iraque e a Coreia do Norte como sendo o “Eixo do mal”. Havia objectivos já definidos. E os conselheiros iriam escolher o primeiro alvo. Era só uma questão de tempo para encontrarem o pretexto para nova guerra.
A do Afeganistão atingia já níveis muito exigentes. Por exemplo a operação Anaconda, código de uma ofensiva em que as forças militares dos Estados Unidos, juntamente com as unidades afegãs e de seus aliados, tentaram destruir a Al Qaeda e as forças talibãs.
Esta operação foi a primeira batalha em grande escala dos Estados Unidos na guerra no Afeganistão em que participaram em combate directo um grande número de forças convencionais. (Tropas especiais). Mas os resultados ficaram aquém dos planos desenhados nos gabinetes de guerra do Pentágono. O líder dos fundamentalistas escapou bem como a maior parte dos seus acólitos.
Durante um discurso lembrando o primeiro ano dos ataques terroristas ao World Trade Center e ao Pentágono, o presidente americano George W. Bush pede apoio das Nações Unidas para derrubar o ditador Saddam Hussein do poder. O mundo, um ano depois dos ataques, mostrou-se dividido e frágil: de um lado o temor da guerra, do outro, o cheiro do dinheiro.
Saddam era o elo mais fraco. Mas tinha muito petróleo e foi fácil encomendar estudos e relatórios que davam o Iraque como sendo um País infestado de armas de destruição maciça e representando por isso um desafio para o mundo livre. Os dados começaram a ser lançados.
Aproveitando a oportunidade, o mundo estava distraído, Israel decidiu organizar mais operação militar sobre a Palestina. Foi um ataque em força que desafiou até a comunidade internacional e a ONU a oferecer o seu apoio à formação do Estado da Palestina. Foi forte a reacção da ONU? Bem, muitas palavras, muitas ameaças e depois o veto. Os povos da Palestina, encurralados numa tira de terreno, ficaram sós. As feridas ainda não deixaram de sangrar.
Em Portugal o Presidente Sampaio dissolveu a Assembleia e convocou novas eleições legislativas.
Ganhou o PSD com um líder que iria fazer em Portugal o tirocínio para outros voos bem mais importantes, bem pagos e sem grande responsabilidade. Bastava um sorriso, uma vénia, e na devida altura alguém se iria lembrar dum político sem obra, mas esperto e risonho. Era o que convinha a uma Europa onde já se anunciavam sinais de desconforto. E o José Manuel esperou um ano para abandonar as promessas eleitorais, esquecer os Portugueses mansos e emigrar. Mas um emigrante de luxo, convenhamos.
A última parcela do império colonial Português, Timor-Leste, torna-se um estado independente. Depois de anos de luta e de sangue derramado assumiriam nas próprias mãos o seu destino.
Voltemos a coisas mais sérias. A poesia será uma delas. E porque ficou mais pobre, morreu um poeta.
Deixo em sua memória uma poesia, que ainda hoje me faz chorar.
“Para sempre”
Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.
E depois do choro um grito de alegria. Então não é que o meu Sporting voltou a ser campeão de futebol?
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