AS PALAVRAS SÃO UMA ARMA
Finalmente,
encontramos alguém que nos pode ajudar, segreda Diogo ao irmão, que como ele
estava recostado e parecia estar dormindo.
Não
estava, estava a relembrar todos os momentos que haviam passado, desde o dia em
que se encontraram na serra, o encontro com o Ernesto e a história que ele lhes
contou e o pedido que lhes fizera. Custava-lhe a aceitar que a aventura se
encaminhava para o fim. Só não sabia se seria o salvamento das crianças ou a
perda da própria vida. No íntimo sentia a dor de que nada lhes restou daquela aventura. Ficavam apenas as palavras.
Todavia não queria desmoralizar o irmão, era evidente o nervosismo dos guerrilheiros que corriam de um local para outro, montando minas, cavando trincheiras e distribuindo as tarefas de cada grupo. Não era um bom sinal!
Todavia não queria desmoralizar o irmão, era evidente o nervosismo dos guerrilheiros que corriam de um local para outro, montando minas, cavando trincheiras e distribuindo as tarefas de cada grupo. Não era um bom sinal!
Entretanto Dolores mandou que se justassem aos combatentes aguardavam a refeição da
noite. Comeram em silêncio a sopa e o pão e ouviram com atenção as palavras de quem sempre assumira a responsabilidade de lutar.
-
Camaradas:
- Temos
connosco dois portugueses que aceitaram a salvar duas crianças que se encontram
algures em Badajoz. São crianças que são o exemplo dos horrores desta guerra.
Os Pais e o irmão foram assassinados na praça de touros. Escondidas junto de
alguns familiares distantes foram perdendo um a um o refúgio.
Estes
dois Portugueses apenas sabem que um homem os poderá ajudar. Alonso é o seu nome.
Sim o Alonso é um companheiro e já me disse a casa onde as crianças se
encontram. E eu também conheço a casa e a mulher viúva que as acolheu e serei
eu a ajudar.
Este
acampamento é capaz de ser o último refúgio onde poderemos enfrentar os
militares. E vamos ter que o abandonar mas a tarefa dos soldados do tércio não
irá ser fácil, porque, como vimos fazendo desde a Andaluzia, lutaremos,
defendendo metro a metro. Mesmo que apenas nos restem as palavras, será com elas que gritaremos os horrores duma guerra injusta mas que o mundo faz por esquecer.
Quando
for a hora de retirar, vamo-nos separar em dois grupos. O primeiro será comandado
pelo camarada Manuel e com ele seguirão o Pablo, Juan, Diogo, Perez, Severino,
Manolo, Alberto, Patchi mais a Mercedes e a Rosário. O Manuel conhece o caminho
para descer a serra pela encosta mais difícil, e tem o mapa para chegar a
Ciudad Rodrigo, onde se pensa ainda resistem soldados da República.
O
Carlos, o Fadagosa e o Alonso ficarão comigo e com os Portugueses. Iremos a
Badajoz salvar as duas crianças. E com o respeito que devemos aos mártires da
matança da Praça de Touros, havemos de conseguir.
Agora
vamos dormir, amanhã será o dia difícil. Mas digam lá, alguma vez, desde que
começou o nosso calvário, tivemos outro dia?
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