LÁGRIMAS
E DOR
O
exército fascista começou o ataque, avisou Dolores. Um avião ligeiro apareceu,
sobrevoando o morro tentando localizar os combatentes escondidos nos abrigos.
Passou mais do que uma vez, não deve ter sido grande ajuda porque terá recebido
ordens para regressar à base.
Dolores
do seu posto de comando confirmou que os soldados começaram a subir a encosta
menos arborizada. Andaram alguns metros e foram ganhando a confiança dos
fortes.
Era
o que Dolores, a comandante, tinha previsto. Não se esqueçam, diz aos
guerrilheiros, deixem que eles se sintam ainda mais confiantes e descurem a
defesa.
É
agora, fogo. Atirem sobre os oficiais.
Os dois capitães que comandavam o assalto
foram atingidos e sem comando os soldados fugiram encosta abaixo, detonando
minas e armadilhas que os guerrilheiros haviam montado.
Eles
vão voltar e com mais meios, garantiu Dolores, vamos executar o nosso plano de
retirada.
Não
foi fácil a despedidas dos guerrilheiros que formavam o primeiro grupo. Despediram-se
com abraços e nos olhos de uns e de outros as lágrimas soltaram-se.
Dolores
virando-se para os dois Portugueses explicou:
-
Para vocês será um pouco estranho ver as lágrimas daqueles que já partiram. Mas
percebam, somos camponeses que tudo perdemos. O guerrilha foi o único meio que
nos restou para manter alguma esperança.
Vamos
deixar que os soldados que se agrupam lá em baixo voltem a tentar chegar até
nós. Serão recebidos não por nós, que também iremos partir, mas por todas as
minas e armadilhas com que cercamos o nosso improvisado campo. É assim a
guerra, lágrimas, gritos e morte.
Os
dois irmãos ouviam os gritos de comando das tropas de assalto e não sentiram
medo, afinal eles não eram diferentes dos guerrilheiros que haviam encontrado e
dirigiram-se a Dolores antes da partida asseguraram:
-
Se for necessário nós também lutamos, para isso dêem-nos armas porque coragem é
uma palavra que também conhecemos na nossa língua.
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