QUATRO SONHOS
AMOR
A CASA NA COLINA
A CASA NA COLINA
3 – O paraíso
Acordou sentindo a brisa suave da tarde
que se aproximava. O silêncio, a calma, eram o remédio que procurava para as
suas dores. Respirou fundo, bebeu o ar puro e sentiu que o Paraíso seria ali,
naquela aldeia perdida na imensidão do seu Alentejo.
Olhou em redor, Não avistava movimento ou pessoas. sentiu a dor ao constatar,o que já lera nos jornais que ainda mereciam ser lidos,que o Alentejo interior estava quase deserto . E sentiu pena. Tal como ele, também aquela terra, tão bonita, estaria já condenada.
Olhou o relógio, eram quase cinco horas da tarde e ainda nem sequer sabia como iria chegar à casa da colina, a sua future casa. Teria de ia subindo, carregando malas, as que conseguisse, e depois voltaria a descer para outro carregamento. Mas pergunta-se, terei forças para subir aquele monte? Duvido murmurou.
Entretanto do meio da angústa que já começara a sentir, teve um golpe de sorte.
Olhou o relógio, eram quase cinco horas da tarde e ainda nem sequer sabia como iria chegar à casa da colina, a sua future casa. Teria de ia subindo, carregando malas, as que conseguisse, e depois voltaria a descer para outro carregamento. Mas pergunta-se, terei forças para subir aquele monte? Duvido murmurou.
Entretanto do meio da angústa que já começara a sentir, teve um golpe de sorte.
“Vossemecê parece perdido. Posso ajudar?
Aliviado por encontrar alguém, Luís esboçou um sorriso e respondeu:
“ Sabe, eu estava era admirado por não ver ninguém. Até pensava que me
tinha enganado no destino. Porque com o meu entusiasmo esqueci de procurar transporte para o monte onde está minha futura casa e as forças já não me pemitem grandes aventuras.Receio não conseguir!
Então o senhor vem para ficar e presumo na casa da colina que ouvi dizer ter
sido vendida?”
“- Sim e fui eu quem a comprou. Queria um lugar isolado, onde pudesse
encher os pulmões de ar puro e beber a paisagem. Não encontrei nada melhor e
por isso aqui estou, contente, mas embaraçado com tanta bagagem que não sei
como transportar.”
O meu nome é Luís “
Meu amigo, isolada a sua casa é. Respirar ar puro e admirar a paisagem
também lhe vai ser fácil, mas a casa está desabitada há muito tempo, poderá
encontrar algumas limitações ao conforto em que terá vivido. Nada, porém, que
não possa ser resolvido. Mas, acredite o que lhe digo, os primeiros tempos não
serão fáceis. O acesso também não o será, pois se bem me recordo, existe
apenas um carreiro, que deve estar em mau estado, e que era utilizado, por uma
carrocita pequena, puxada por um burro, quase tão velho como o casal que lá
habitava, e lá morreu. Não o quero desmoralizar, o sítio é muito bonito, de
verdade, mas também vai encontrar dificuldades. Por exemplo e para já, não terá
acesso ao abastecimento de água, à distribuição de energia elétrica e para
ajudar não existe rede para o funcionamento de telemóveis. O abastecimento de
água será o menor dos males. Tem, ao que eu me lembro, uma nascente de água
mesmo perto da casa, com um pequeno tanque de reserva. E o resto terá de se
habituar. Porque garantido, só terá a calmaria dos dias no Alentejo e a solidão
como companheira. Eu poderei ajudar, passarei para o visitar, dia sim, dia não.
Pode passear e deixar escrito num papel, pregado na porta, o que vai precisar.
Agora e para o ajudar a transportar as suas coisas, eu resolvo a questão
utilizando a minha motoreta com atrelado. Mas terá de esperar mais um pouco,
até que o empregado que me ajuda na loja, se apresente ao trabalho.”
- Então eu já volto. Já agora apresento-me. “O meu nome é Manuel Carvalho e
aqui nas redondezas toda a gente me conhece pois, além de comerciante, sou
também o Presidente da Junta da Freguesia.”
Passou algum tempo, mas cansado como estava nem isso era importante. O sol
começara a cair e pouco a pouco viu pessoas carregando o peso dos anos e as dores do trabalho de sol a sol, Sim, afinal a aldeia ainda tinha vida mas que vida!
Ouviu o ruído estridente de um motor. Era o Manuel Carvalho que se aproximava, montado na motoreta e puxando um pequeno atrelado.
Ouviu o ruído estridente de um motor. Era o Manuel Carvalho que se aproximava, montado na motoreta e puxando um pequeno atrelado.
“- Vamos embora amigo, vamos lá subir a encosta. A casa na colina espera
por si.” Carregaram as malas, os sacos e o atrelado ficou cheio.
Caramba, diz Manuel o senhor traz a casa às costas! Quer isso dizer que vai
ficar na casa dos sonhos até ao fim da vida?
Diz bem meu amigo, até ao fim da minha vida, respondeu Luís:
Foi uma subida difícil. Como Manuel previra, o caminho estava quase
intransitável o que lhe exigiu perícia, acelerações do motor e em alguns
lugares foi necessário recorrer à força de braços para mover a composição.
Manuel era um homem ainda jovem, criado no campo e, apesar do suor que lhe
escorria pelas fontes não parou de empurrar. Luís também procurou ajudar, mas
entre tropeções e escorregadelas a sua ajuda foi apenas cheia de vontade,
porque força não tinha. Mas conseguiram chegar ao terreiro em frente da casa.
Manuel ajudou a descarregar a bagagem e despediu-se:
“ Vou ter de regressar a tempo de
fechar a loja e seguir para uma reunião na Junta. Não se esqueça que pode, sempre,
contar comigo.
“- Não se prenda comigo amigo
Manuel. Vou descansar olhando a paisagem que, tenho a certeza, me irá deslumbrar.
Luís assistiu à partida do Manuel. Estava só, olhou em redor, viu uma
grande árvore, uma azinheira que desafiava o sol. É lindo, pensou, enquanto
sentado no chão admirava o entardecer.
Ajeitou-se, acendendo um cigarro que saboreou com prazer e percebeu, que só
aquele momento, admirando os campos que se estendiam por pequenos montes e
vales até onde a vista alcançava, já teria pago o cansaço da sua aventura.
O pôr do sol foi como o recordar um filme que quase esquecera.Afinal, murmurou, cheguei à minha casa, na colina da saudade. -
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