sábado, 26 de janeiro de 2013

PALAVRAS

ALEGRIA
Era inevitável. O País, o meu País acordou mais alegre. Regressámos aos mercados e antes do tempo previsto pela troika. Foi uma explosão de regozijo com as ruas e avenidas e encherem-se de pessoas, velhos e novos cantando louvores ao rei mercado. E afinal tudo fora simples. A operação fora estudada ao mais ínfimo pormenor e deu certo, provando que quando o Governo é competente tudo se resolve. E competência é coisa que não falta a um Estado que tem como primeiro ministro a Senhora Merkel, como Ministro das Finanças o sr. Mario Draghi, como Ministro do Desemprego o Álvaro  dos pasteis de Belém e  como primus  inter pares o Miguel Relvas.  
E o País tem ainda estadistas de valor reconhecido, quer no Governo, não me lembro dos nomes, mas tem, e na oposição pronto a investir toda a sua sabedoria um político Seguro muito experimentado e com boa figura.
Voltámos aos mercados, não me canso de repetir. O País pode continuar a endividar-se porque os Bancos ainda estão em situação difícil e é preciso ajudar. Um dia alguém terá de pagar, mas não é difícil adivinhar quem.
Os desempregados, serão mais de um milhão ganharam mais confiança pois estão a receber reforços cada dia que passa. A coisa vai.
E até os velhos teimosos, admitem que o parecer do Ministro do Japonês sobre a política de controlo da longevidade, pode ser uma ajuda. E sei que muitos pensam emigrar para o País do Sol Nascente. E o Governo vai abrir uma linha de crédito para financiar a compra das viagens, mas só as de ida.
 Tudo se encaminha para um final feliz. A ver vamos como diz o cego.

FOLCLORE
Portugal é um País rico em manifestações culturais, entre as quais devo destacar a dança popular, que tem raízes profundas desde o Alto Minho e Trás os Montes, passando pelo Ribatejo e saltando para o Algarve.
E cada região era demarcada pela dança.
Quem não se lembra dos programas de TV, onde o Poeta Pedro Homem de Melo (não estou a brincar) fez a radiografia do País caracterizando as regiões pelas suas danças tradicionais?
E também neste aspecto fomos um País abençoado. As danças populares resistiram até ao aparecimento dos programas culturais das nossas estações de Televisão e algumas danças ultrapassaram o seu horizonte geográfico e demandaram outras paragens.
Por exemplo, a tradicional CHULA, embora com um ou outro acerto de pormenor, quer no movimento quer na ortografia, passou de dança regional a dança nacional, deixando a exclusividade dos Arrais Minhotos para os Salões da Aristocracia, designadamente para os Conselhos de Administração dos Bancos e de outras Sociedades de prestígio.
Ou também o VIRA, que desceu o País, criando o hábito de mudança de camisola sempre que tal fosse conveniente.
E até  o CORRIDINHO que com poucas raízes históricas, saiu do Algarve e é hoje dança fundamental em períodos pré-eleitorais.
Mas sendo o folclore uma riqueza nacional, deve ser aproveitada, e tem-no sido, convenhamos.  


DESNORTE

E o resultado de tanta alegria e alguma perplexidade é a ocorrência de derivas sensitivas. Porque muitas vezes é difícil distinguir o certo e o errado, a mentira e a verdade.  
E mesmo sem querer, acabamos perdidos, imaginando uma realidade que não existe.
E então o sonho acaba por ser um único refúgio.

Sem comentários:

Enviar um comentário