A
REPÚBLICA ESPANHOLA
Os
dois irmãos mataram a fome mas estavam fascinados com o Pintor e a sua
história. Voltaram a lareira onde Ernesto acabava de encher o cachimbo. Aqui
estamos desejosos de ouvir a sua estória de vida e nos dizer o que dois homens
pobres e sem experiência, poderão fazer!
-
Já agora, peço-vos me deixem continuar para melhor entenderem aquilo que vocês
poderão ajudar, disse Ernesto.
Falar
de mim é fácil. Também eu, um jovem que estudou porque os meus Pais puderam
pagar, me deixei envolver nas lutas daqueles que acreditaram que era preciso
mudar a sociedade. Fui preso, estive quatro anos encerrado numa prisão, nunca
pude ver a família e, sem saber porquê, um dia fui libertado mas com aviso da
Polícia política para ter cuidado.
Percebem
agora porque eu vivo quase escondido e as pessoas me chamam de comunista.
Eu
sabia, porque um guarda prisional mo disse, que o meu Pai tinha morrido de
doença e que a minha Mãe, esperou mais alguns meses e fez o seu caminho, suicidando-se.
Vejam
o que a vida me reservou.
Voltei
a Elvas e comecei e ouvir os meus amigos a falarem sobre a República de
Espanha.
Então
fui procurar o Doutor Gonzalez, médico de Badajoz, e que tinha acompanhado a
doença do meu Pai.
Passei
a fronteira e encontrei um homem que me contava a esperança que a República
Espanhola tinha trazido para um povo oprimido.
Ele
conhecia bem ma história dos conflitos que já haviam começado a dividir os Espanhóis.
Num lado os Republicanos, que mesmo entre si lutavam pelas reformas e do outro,
os Nacionalistas comandados pelo General Franco defendiam a continuação de
exploração nos pobres e dos privilégios da Igreja Católica e os interesses dos
ricos.
O
médico foi o único amigo, com quem aprendi a melhor perceber a política. Os
outros antigos amigos ou apenas conhecidos escondiam-se de mim, por medo, eu
compreendi.
E
foi por acreditar no meu amigo que, quando se soube que a guerra se aproximava,
peguei em armas e fui lutar.
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