Alguém se lembrou de determinar que amanhã, dia 19 de Março, seria comemorado como o dia do Pai.
Não sei se a ideia nasceu na Igreja, ou se foi uma operação de marketing para aumentar as vendas daquelas coisas que, por norma não se compram.
E lá vemos os adultos percorrendo os centros comerciais, acompanhando as crianças na procura de uma oferta para o dia do Pai.
Percebe-se que uma criança sinta orgulho em entregar ao Pai um pequeno embrulho com um cartão bonito que a Mãe o ajudou a escrever. E o Pai ficará feliz.
Todavia eu, lembro com saudade o Pai que já perdi e a quem nunca dei um presente alusivo à efeméride. Nem sei se naquele tempo já havia dia do Pai, penso que se trata de uma invenção relativamente recente. Mas algo lhe dei sempre, porque não custava dinheiro. Dei-lhe amor e razões para se sentir orgulhoso do filho.
Certo dia, corria o ano de 1965, a guerra era o meu lugar, mas vim passar férias a Portugal, aproveitando a recente carreira da TAP mas com aviões a jacto, creio ter sido o famoso Boeing 707.
O meu Pai fez algo que na altura não gostei muito, mas que hoje, tantos anos passados, reconheço o carinho, o orgulho e o amor que o meu Pai sentiu, quando publicou na página pessoal dum jornal da cidade, uma notícia que dizia, qualquer coisa como isto:
“Encontra-se na nossa cidade, em férias da guerra em Angola, o Alferes Miliciano Joaquim Lameira, filho de António Ventura Lameira, guarda-portão da fábrica Robinson”.
Pois foi Pai, tiveste muito orgulho na visita do teu filho, que sabias estar na guerra, mas eu, peço-te perdão, durante a visita nunca andei fardado e tarde compreendi a desilusão que te dei.
Ficaste triste, eu sei, mas para um jovem de pouco mais de vinte anos, esses pequenos grandes gestos sem sempre colhem a atenção que mereciam.
Mas hoje penso em ti e sou eu que sinto orgulho em ter sido teu filho. E estas simples palavras serão a minha prenda do dia do Pai.
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