quarta-feira, 21 de março de 2012

O ÚLTIMO VAMPIRO EM NOVA IORQUE



Há muito tempo que pensava escrever uma história sobre este tema. Lembrei-me de uma pessoa, que me é muito querida, e que adora histórias de vampiros.
É para ela que vou tentar inventar uma história de arrepiar. Mas receio não  conseguir. Na verdade estou mais à vontade em temas que tragam alguns sentimentos de amizade, de amor, ainda que algumas histórias tenham também algum conteúdo melodramático, característica que raramente fui capaz de evitar.
Ao fim e ao cabo os vampiros existem, e para mal do mundo em que vivemos, toda a gente sabe onde os encontrar ou finge não saber.
Eles não são cegos, sabem bem sugar o sangue dos pobres e dos oprimidos. Têm-se multiplicado, são gordos e vorazes.
Mas não é desses que eu quero falar.
Eu quero contar uma história que encontrei no fundo das minhas memórias. É sobre um vampiro velho, quiçá, o último da sua espécie.
Esta é a sua história.


1 – Guatemala

Ruben Garcia nasceu na velha cidade de Guatemala, a antiga capital do País com o mesmo nome. A cidade foi berço de civilizações que os colonizadores destruíram. No meio da floresta, ficaram os restos, os túmulos, os segredos e alguns pobres indígenas que escaparam à escravatura.
Foram eles que se recolheram em locais quase inacessíveis mantendo as suas tradições e a sua liberdade.
Os exploradores vasculharam as ruínas de uma cidade próspera, roubando as esmeraldas e outras pedras preciosas. No final do saque ficaram ruínas, ossos, túmulos esventrados e segredos perdidos.
Ruben cresceu na velha cidade que se foi transformando em lugar de peregrinação turística dos turistas que procuravam sinais do seu passado.
A praça principal da velha cidade fora assim transformada num enorme bazar onde se vendiam como arte, artefactos feitos em qualquer fabriqueta, pedras preciosas, bonitas mas sem valor.

Os turistas mais ousados ficavam na cidade  admirando um dos mais aterradoras fenómenos de natureza. A poucos quilómetros da  capital, o fumo que saía das crateras dos vulcões, eram um aviso e um espectáculo para as máquinas de filmar e de fotografar.


                             


Foi no hotel onde trabalhava como porteiro, que Ruben encontrou um americano de quem se fez amigo. Chama-se Paul Roberts, seria homem para cinquenta anos de idade que dizia ser arqueólogo.
Ruben tinha pouco mais de vinte anos, trabalhava no hotel  mas sonhava com o desafio da América rica.
A pobreza se não o envergonhava mas roubava-lhe o futuro. Mercê a namorada, camareira no mesmo hotel, insistia no casamento mas Ruben encontrava sempre um obstáculo. Mas algo tinha que ser feito. Mercê disse-lhe que estava grávida e que a família não iria aceitar a sua situação. Os Pais e o rancho de irmãos eram um perigo e a Ruben só restavam dois caminhos. Ou casava ou fugia.
O americano a quem Ruben contara o seu problema sugeriu que o podia ajudar. Propunha o seguinte:
- Vais adiando um pouco mais a decisão enquanto eu preparo o meu itinerário.
Tenciono viajar por terra deste a tua terra até à cidade do Panamá. Tenho lá amigos que me ajudarão a fazer a viagem de regresso para Miami.
Vou alugar uma viatura e dentro de uma semana partiremos pela estrada que passa por
 Salvador, Nicarágua e Costa Rica. Programei oito dias para a jornada porque há lugares que tenciono visitar. Enquanto estiveres comigo não te deves preocupar. Algumas vezes eu poderei ter de me deslocar, só a uma casa ou lugar. Tu aguardarás sem fazer perguntas, que eu regresse e depois seguiremos viagem.
Pensa na minha proposta. Eu apenas te garanto o percurso até à cidade de Panamá. A partir daí, poderei ajudar mas sem garantias de te fazer entrar nos EUA.
Ruben deixou-se fascinar e em segredo preparou uma maleta e o pouco dinheiro que tinha amealhado e embarcou na aventura que o amigo lhe propusera.

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