DE OLHOS FECHADOS
O dúvida foi desaparecendo pouco a pouco.
O casal de amigos que a tinham convidado e com os quais não tinha intimidade, revelaram-se gentis, alegres e interessantes. Acabaram confessando que o nome de Catarina para os acompanhar durante as férias lhe tinha sido sugerido por um amigo. Na realidade eram as suas primeiras férias em Portugal e sabiam que para frequentar os círculos mais na moda, precisavam de ter alguém que lhes abrisse a porta.
Foram tão sinceros que Catarina compreendeu e se dispôs a ajudar.
Durante uma noite calma, depois de terem jantado num vulgar restaurante da marina, Adérito e Luísa, assim se chamavam os amigos, convidaram Catarina a passear no passeio junto à marina. Pararam em frente dum iate, de porte médio baptizado de Sultão. Adérito sorriu e confessou que aquele brinquedo lhe pertencia e que na sua compra gastara uma significativa parte da herança que recebera do Pai, emigrante no Brasil desde os anos sessenta, entretanto falecido.
Esta era a surpresa que lhe reservámos, concluiu Adérito. A Luísa é como eu uma apaixonada pelo caça submarina e o iate é o nosso meio de fugir das praias e gozar o esplendor do mal alto, este mar tão azul que nos fascina e desafia.
Esperamos que a Catarina se sinta bem e será nossa convidada na nossa próxima expedição. Para que conheça o conforto que podemos usufruir venha conhecer o nosso Sultão.
Catarina já conhecera e navegara em iates de grande porte e conforto, mas aquele tinha qualquer coisa de diferente. Talvez fosse o ambiente mais acolhedor ou a sensação que aquele barco fora construído para voar sobre as ondas. Sentados nas cadeiras no tombadilho, tomavam uma taça de champanhe que Adérito abriu para selar a amizade.
Começava a soprar uma brisa fresca, era altura de regressar a casa, propôs Luísa, até porque amanhã, com os vizinhos da casa ao lado, nossos conhecidos de férias em Cannes, faremos a primeira sortida no Sultão.
- A Catarina não é adepta da caça submarina, pergunta Adérito?
- Não de facto não sou. Gosto do mar, de ouvir a música das ondas, mas mergulhar só na praia.
- Mas deixemos a aventura da caça submarina para os viciados, o Adérito o Jean Paul e a Monique e eu ficarei consigo lendo e gozando o prazer do horizonte distante, sugeriu Luísa. Aceita?
- É uma excelente ideia, aceito.
No outro dia enquanto Adérito pilotava o iate e o casal francês se equipava para mergulho com garrafa de oxigénio. Luísa confessava a sua inexperiência no contacto com a gente da sociedade. Catarina lembrava que o que agora sabia aprendera numa noite que não mais esqueceria e contou a sua experiência:
- Quando, alguns anos atrás comecei a frequentar o Algarve, procurando matéria para crónica e artistas em ascensão, foi convidada para uma festa de espuma. Não sabia o que era mas aceitei com natural curiosidade.
Vi homens e mulheres que se banhavam numa piscina interior cheia de espuma. Sem dar por isso bebi demais e acordei meia despida no recanto dum quarto. Não me recordava de mais nada, nem encontrara no corpo vestígios de algum acto sexual. A bebida que me deram tinha algo que me fez esquecer. Nunca entendi se fui apenas uma boneca de diversão ou se num rasgo de consciência me escondi naquele recanto.
Era madrugada quando me encontrei e decidi fugir.
No salão havia corpos enlaçados e roupas estendidas pelo chão. Foi com umas calças e um casaco de homem, que me vesti e descalça corri por entre os jardins até ao apartamento que alugara. Meti-me debaixo do chuveiro, esfreguei o corpo com força como se quisesse arrancar a nódoa e a vergonha que sentia.
Nunca mais esquecerei aquela aventura e não vos aconselho a aceitar uma coisa no género. Comigo não poderão contar. Em absoluto, não. Agora os meus olhos, estarão abertos.
O dúvida foi desaparecendo pouco a pouco.
O casal de amigos que a tinham convidado e com os quais não tinha intimidade, revelaram-se gentis, alegres e interessantes. Acabaram confessando que o nome de Catarina para os acompanhar durante as férias lhe tinha sido sugerido por um amigo. Na realidade eram as suas primeiras férias em Portugal e sabiam que para frequentar os círculos mais na moda, precisavam de ter alguém que lhes abrisse a porta.
Foram tão sinceros que Catarina compreendeu e se dispôs a ajudar.
Durante uma noite calma, depois de terem jantado num vulgar restaurante da marina, Adérito e Luísa, assim se chamavam os amigos, convidaram Catarina a passear no passeio junto à marina. Pararam em frente dum iate, de porte médio baptizado de Sultão. Adérito sorriu e confessou que aquele brinquedo lhe pertencia e que na sua compra gastara uma significativa parte da herança que recebera do Pai, emigrante no Brasil desde os anos sessenta, entretanto falecido.
Esta era a surpresa que lhe reservámos, concluiu Adérito. A Luísa é como eu uma apaixonada pelo caça submarina e o iate é o nosso meio de fugir das praias e gozar o esplendor do mal alto, este mar tão azul que nos fascina e desafia.
Esperamos que a Catarina se sinta bem e será nossa convidada na nossa próxima expedição. Para que conheça o conforto que podemos usufruir venha conhecer o nosso Sultão.
Catarina já conhecera e navegara em iates de grande porte e conforto, mas aquele tinha qualquer coisa de diferente. Talvez fosse o ambiente mais acolhedor ou a sensação que aquele barco fora construído para voar sobre as ondas. Sentados nas cadeiras no tombadilho, tomavam uma taça de champanhe que Adérito abriu para selar a amizade.
Começava a soprar uma brisa fresca, era altura de regressar a casa, propôs Luísa, até porque amanhã, com os vizinhos da casa ao lado, nossos conhecidos de férias em Cannes, faremos a primeira sortida no Sultão.
- A Catarina não é adepta da caça submarina, pergunta Adérito?
- Não de facto não sou. Gosto do mar, de ouvir a música das ondas, mas mergulhar só na praia.
- Mas deixemos a aventura da caça submarina para os viciados, o Adérito o Jean Paul e a Monique e eu ficarei consigo lendo e gozando o prazer do horizonte distante, sugeriu Luísa. Aceita?
- É uma excelente ideia, aceito.
No outro dia enquanto Adérito pilotava o iate e o casal francês se equipava para mergulho com garrafa de oxigénio. Luísa confessava a sua inexperiência no contacto com a gente da sociedade. Catarina lembrava que o que agora sabia aprendera numa noite que não mais esqueceria e contou a sua experiência:
- Quando, alguns anos atrás comecei a frequentar o Algarve, procurando matéria para crónica e artistas em ascensão, foi convidada para uma festa de espuma. Não sabia o que era mas aceitei com natural curiosidade.
Vi homens e mulheres que se banhavam numa piscina interior cheia de espuma. Sem dar por isso bebi demais e acordei meia despida no recanto dum quarto. Não me recordava de mais nada, nem encontrara no corpo vestígios de algum acto sexual. A bebida que me deram tinha algo que me fez esquecer. Nunca entendi se fui apenas uma boneca de diversão ou se num rasgo de consciência me escondi naquele recanto.
Era madrugada quando me encontrei e decidi fugir.
No salão havia corpos enlaçados e roupas estendidas pelo chão. Foi com umas calças e um casaco de homem, que me vesti e descalça corri por entre os jardins até ao apartamento que alugara. Meti-me debaixo do chuveiro, esfreguei o corpo com força como se quisesse arrancar a nódoa e a vergonha que sentia.
Nunca mais esquecerei aquela aventura e não vos aconselho a aceitar uma coisa no género. Comigo não poderão contar. Em absoluto, não. Agora os meus olhos, estarão abertos.
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