sexta-feira, 16 de setembro de 2016

O PREÇO DOS SONHOS



6 – PALAVRAS,PALAVRAS...

Pedro esboçou um sorriso e olhando para os olhos da mulher sentada a seu lado, respondeu com um brilho no olhar:

-Porque não? Um homem e uma mulher, perdidos no meio das nuvens serão sempre um desafio para a loucura e a paixão. Nada tenho a esconder, o meu coração está vazio.

Ísis olhou para Pedro, aproximou-se, acariciou-lhe o rosto e continuou. Eu também pressinto que este momento será uma doce recordação que nunca mais irei esquecer. Será, quem sabe, o nascimento do amor iluminado pela cor de arco íris. Pedro o Português  navegando entre as recordações e Ísis, que começou por te abrir o livro da minha vida. Não será um romance de amor, cheio de aventuras, paixões e desgostos, mas é a história duma mulher que não se entregou. Eu também viajo de coração vazio, mas pronta para o desafio dum grande, grande amor.

 Mas, vai desculpar, o Pedro tem outra vida que não contou! E se tivesse dúvidas bastava-me sentir os músculos da sua mão que segurou na minha, que estava tão tensa como se a minha pequena mão pudesse ser uma ameaça. E depois consigo perceber nos seus olhos profundos e tão atentos ao que nos rodeia, que o Pedro é ou foi mais do que me contou. Sabe, estou habituada a ler e interpretar os sinais dos personagens que vejo no teatro. E pressinto em si uma vida que foi difícil, diria mais, aventureira e perigosa. Terei razão?

Pedro fixou os olhos no rosto da companheira, esteve assim por momentos e respondeu:

- Eu fui o que sempre quis ser. Conhecer o mundo, viajar, enfrentar os perigos que a cada esquina nos podiam alcançar. Numa simples frase dir-lhe-ei que o meu caminho nunca foi fácil. Sonhei, abandonei a família, esqueci os amigos, ganhei fama e proveito mas, agora interrogou-me: Terá valido a pena?

Tive pouco tempo para o amor e quando vivi os momentos, únicos de paixão e ternura, paguei um preço.

Chamava-se Carolina a mulher da minha vida. Morreu em Nova Iorque. A sua morte foi o preço que não irei esquecer. Ela foi vítima inocente das aventuras em que eu me deixei conduzir. Agora é tempo de esquecer.

As luzes do avião apagaram-se. Era tempo, o ambiente ficou calmo e as pessoas dormiam. Pedro e Ísis partilhando o cobertor que uma hospedeira lhes entregou, entregaram-se sem palavras. Só murmúrios de paixão.

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