Pedro esboçou
um sorriso e olhando para os olhos da mulher sentada a seu lado, respondeu com
um brilho no olhar:
-Porque não?
Um homem e uma mulher, perdidos no meio das nuvens serão sempre um desafio para
a loucura e a paixão. Nada tenho a esconder, o meu coração está vazio.
Ísis olhou para
Pedro, aproximou-se, acariciou-lhe o rosto e continuou. Eu também pressinto que este momento será uma doce recordação que nunca mais irei esquecer. Será, quem sabe, o nascimento do amor iluminado pela cor de arco íris. Pedro o Português navegando entre as recordações e Ísis, que começou por te abrir o livro da minha vida.
Não será um romance de amor, cheio de aventuras, paixões e desgostos, mas é a história duma mulher que não se entregou. Eu também viajo de coração vazio, mas pronta para o desafio dum grande, grande amor.
Mas, vai desculpar, o Pedro tem outra vida que
não contou! E se tivesse dúvidas bastava-me sentir os músculos da sua mão que
segurou na minha, que estava tão tensa como se a minha pequena mão pudesse ser
uma ameaça. E depois consigo perceber nos seus olhos profundos e tão atentos ao
que nos rodeia, que o Pedro é ou foi mais do que me contou. Sabe, estou
habituada a ler e interpretar os sinais dos personagens que vejo no teatro. E
pressinto em si uma vida que foi difícil, diria mais, aventureira e perigosa.
Terei razão?
Pedro fixou
os olhos no rosto da companheira, esteve assim por momentos e respondeu:
- Eu fui o
que sempre quis ser. Conhecer o mundo, viajar, enfrentar os perigos que a cada
esquina nos podiam alcançar. Numa simples frase dir-lhe-ei que o meu caminho nunca
foi fácil. Sonhei, abandonei a família, esqueci os amigos, ganhei fama e
proveito mas, agora interrogou-me: Terá valido a pena?
Tive pouco
tempo para o amor e quando vivi os momentos, únicos de paixão e ternura, paguei
um preço.
Chamava-se
Carolina a mulher da minha vida. Morreu em Nova Iorque. A sua morte foi o preço
que não irei esquecer. Ela foi vítima inocente das aventuras em que eu me
deixei conduzir. Agora é tempo de esquecer.
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