2 – REVIVER
Voltara a
Nova Iorque sentindo que seria a última viajem duma vida feita de encontros e
desencontros. Era a cidade que melhor compreendia o seu caminho errante, a que
agora decidira por fim.
Voltava dos
fins da América do Sul, com trânsito por S. Paulo no Brasil e destino final
Lisboa. Mas, como sempre se habituara a fazer, utilizou outro caminho,
procurando dificultar a vida aos que, nos gabinetes sombrios do poder
financeiro, certamente o seguiam esperando a oportunidade para acertarem
contas. A sua experiência ensinara-lhe que três identidades, podiam ser
necessárias para esconder o caminho.
Pedro,
nascido em Portugal, emigrante legalizado na Bélgica, portador de um passaporte
Inglês e um outro dos EUA, sabia que seria difícil ser controlado. Era, sempre
fora, uma questão de segurança que aprendera nos quinze anos em que prestara
serviços a uma Empresa sem rosto, sem nome, sem morada.
Decidira em
pleno Aeroporto de S. Paulo, não utilizar o voo para Lisboa que tinha
reservado, e no mesmo dia comprou, pagando em dinheiro um lugar para Nova
Iorque. Ficaria dois dias na cidade e num velho hotel fora dos circuitos
turísticos. Depois seguiria para Londres onde tinha vivido os últimos anos.
Não deixou de
passear pela cidade. Escolheu o metro, sem destino programado, saiu numa
qualquer estação e caminhou misturado com as pessoas que seguiam apressadas
para o seu trabalho na zona financeira da cidade. Por entre a multidão era
apenas um anónimo transeunte. Afinal, caminhava no sentido contrário. Não
escolhera o percurso mas como na vida, deixara-se guiar pelos impulsos. E
reconhecia que isso fora um erro e teria o seu custo.
Escolheu para
comer um restaurante já perto do Central Parque. Era um pequeno espaço, a
especialidade comida italiana e isso era do seu agrado.
Aproveitou a
proximidade da Broadway para assistir a um espetáculo que acabara por ser,
também e, principalmente, tempo para esquecer.
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