sábado, 3 de setembro de 2016

O PREÇO DOS SONHOS


2 – REVIVER

Voltara a Nova Iorque sentindo que seria a última viajem duma vida feita de encontros e desencontros. Era a cidade que melhor compreendia o seu caminho errante, a que agora decidira por fim.

Voltava dos fins da América do Sul, com trânsito por S. Paulo no Brasil e destino final Lisboa. Mas, como sempre se habituara a fazer, utilizou outro caminho, procurando dificultar a vida aos que, nos gabinetes sombrios do poder financeiro, certamente o seguiam esperando a oportunidade para acertarem contas. A sua experiência ensinara-lhe que três identidades, podiam ser necessárias para esconder o caminho.

Pedro, nascido em Portugal, emigrante legalizado na Bélgica, portador de um passaporte Inglês e um outro dos EUA, sabia que seria difícil ser controlado. Era, sempre fora, uma questão de segurança que aprendera nos quinze anos em que prestara serviços a uma Empresa sem rosto, sem nome, sem morada.

Decidira em pleno Aeroporto de S. Paulo, não utilizar o voo para Lisboa que tinha reservado, e no mesmo dia comprou, pagando em dinheiro um lugar para Nova Iorque. Ficaria dois dias na cidade e num velho hotel fora dos circuitos turísticos. Depois seguiria para Londres onde tinha vivido os últimos anos.

Não deixou de passear pela cidade. Escolheu o metro, sem destino programado, saiu numa qualquer estação e caminhou misturado com as pessoas que seguiam apressadas para o seu trabalho na zona financeira da cidade. Por entre a multidão era apenas um anónimo transeunte. Afinal, caminhava no sentido contrário. Não escolhera o percurso mas como na vida, deixara-se guiar pelos impulsos. E reconhecia que isso fora um erro e teria o seu custo.

Escolheu para comer um restaurante já perto do Central Parque. Era um pequeno espaço, a especialidade comida italiana e isso era do seu agrado.

Aproveitou a proximidade da Broadway para assistir a um espetáculo que acabara por ser, também e, principalmente, tempo para esquecer.
 

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