sexta-feira, 18 de novembro de 2011

ENCONTRO COM O DESTINO

                                                 Amadeo de Souza Cardoso

11 – AU PARADIS
            As duas amigas saíram da cidade, era ainda manhã cedo. Queriam evitar o tráfego habitual e não conhecendo bem a cidade, precisavam de se adiantar aos que já conheciam o destino e o caminho.
Nem Bárbara nem Li pensaram nisso. Mapa sobre os joelhos Bárbara ia dando instruções à companheira. Mas demorava a identificar a rua que deviam seguir, quando dizia o nome e a indicação de virar à direita, Li respondia rindo, para ela arranjar outra porque aquela já tinha ficado para trás.
Andaram mais de duas horas sem conseguirem acertar com a saída que pretendiam. Tiveram uma ideia brilhante, pararam o carro, contrataram um táxi que elas seguiriam até à estrada desejada. Custou mais dinheiro, mais umas dezenas de dólares, mas ganharam em tempo e em combustível.
Li, conduzindo com os vidros abertos, ria de felicidade enquanto o vento lhe acariciava os cabelos. Sentia-lhe livre, pela primeira vez longe da cidade, do laboratório, dos tubos de ensaio, do computador, sem destino.
Bárbara não mostrava a mesma alegria, refugiava-se na leitura do mapa, mas na realidade recordava a Mãe e lamentava-se por não ter tido coragem de conhecer o final da história. E sentia uma estranha inquietude.
No meio de uma estrada quase deserta, encontraram uma bomba de combustível com um pequeno bar. Havia dois ou três camiões parados e, encostados ao balcão bebendo cerveja, os motoristas que as olhavam de uma forma que se sentiram despidas. Saíram logo, fugindo dos piropos dos camionistas e voltaram à estrada.
Conduziram mais alguns quilómetros, numa estrada mais movimentada o que lhes deu confiança. Pararam de novo junto de um restaurante, havia muitos carros parqueados e isso significava movimento e talvez uma boa refeição.
A refeição era típica americana, afinal ainda não tinham cruzado a fronteira, mas o restaurante ficava numa pequena colina donde a vista se estendia ao outro lado do braço de mar. O sol começava a descer no horizonte mas a paisagem que se oferecia aos olhos extasiados das duas viajantes, era tão bela que lhes apetecia ficar por ali. Mas com pena tiveram que seguir, calmamente, respirando o ar puro da brisa marítima que entretanto começara a soprar.
Encontraram já ao fim do dia uma cidade grande, pelo menos parecia grande, chama-se Belingham, que atravessaram, desta vez sem problemas. O caminho estava bem sinalizado para alcançarem a fronteira com o Canadá.
Pararam perto da fronteira, encontraram um hotel com bom ambiente e, alugaram um quarto pois precisavam mesmo de descansar.  
Desceram para uma bebida e encontraram um casal, o Richard e a Carol, já de meia-idade e que vinha fazer o caminho oposto. Queriam passar por Seattle e planeavam seguir descendo ao longo da costa.
Ficaram muito tempo a conversar e  Richard recomendou com entusiasmo que fossem a Vancouver e lá passassem uns dias. No mapa assinalou também a cidade de Victória, no outro lado da ilha, por ser a cidade com mais sol do Canadá. Não deixem de por lá passar se quiserem admirar a natureza mais protegida e aproveitarem os dias de sol.
E acrescentou uma informação. - Talvez não saibam, mas nos inquéritos internacionais que foram feitos, Vancouver tem sido a cidade mais votada, para uma vida melhor.
Bárbara ia tomando nota das recomendações. No meio da conversa, e ao saberem que Bárbara era Portuguesa, Carol sorriu e confessou que sabia existir uma grande colónia de Portugueses no Canadá, mas nunca esperaria que numa distância de vinte milhas tivessem encontrado dois. Aqui, nesta ponta do Canadá não seria muito frequente.
- Como vocês vão seguir,  disse, parem em White Rock, é logo depois de passarem a fronteira e vão encontrar um local muito aprazível, com um bom restaurante e apartamentos distribuídos num espaço bem grande. Chama-se “Au Paradis”.Não é um motel tradicional e os preços são altos. Mas olhe Bárbara, o gerente chama-se Paulo e é seu compatriota. Vão gostar de se encontrar, tenho a certeza.

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