NAVEGAR À BOLINA
Para mim, escrever está a ser tão difícil como é para os veleiros navegar contra o vento.
Nunca me tinha apercebido do cansaço que ao longo de tantos textos e histórias deixei acumular.
Costumava fazer um desafio. Bastava-me encontrar um título, a partir dele começar a construir uma história que ia desenvolvendo ao sabor do vento.
Sentia-me bem, ao enfrentar um desafio que colocava a mim mesmo. Escrevia o primeiro capítulo, depois um segundo e por diante, raramente lia o que tinha escrito anteriormente e com tropeções e remendos apressados lá ia conseguindo dar corpo a uma história, feita peça a peça.
Depois fui aumentando a exigência. Não na qualidade, pois apesar do entusiasmo conheço as minhas limitações e respeito as palavras, mas apenas pelo número de capítulos que conseguia esticar a história.
O marinheiro precisa de técnica apurada para navegar à bolina. Eu quis seguir escrevendo contra o vento, sem ter aprendido a utilizar as técnicas necessárias.
Mas cada um é como é e eu sou assim. Teimoso, independente e desalinhado. E gosto.
Escrever é como enfrentar o desconhecido. Pode-se começar com uma ideia boa, que se vai mostrando ser ingénua, não haverá mal nisso, sem conteúdo, a maior das vezes será assim, mas sempre avançando, até que a memória nos atraiçoe, roubando-nos o prazer de permanecer vivos e despertos.
Penso que já ouvi na rua uma frase, uma palavra que me despertou a vontade de construir outra história. Construir como um puzzle onde por vezes as peças não se encaixam. Mas não importa, na próxima semana aqui estarei.
Entretanto, quero dedicar-vos um momento de beleza., onde se conjuga a música inesquecível do compositor francês, Camille Saint-Saens, a coreografia genial de Mikhail Fokine e a beleza da bailarina Ulyana Lobatkina.
O bailado é a Morte do Cisne.
Serão apenas alguns minutos mas acredito irão ver e rever. Como eu.
Sem comentários:
Enviar um comentário