sexta-feira, 31 de maio de 2019

UM DIA DE SOL


É um dia de sol.

Todavia a recordações daquela terra onde nasci, “ Em Portalegre, cidade do Alentejo cercada…” como José Régio a descreveu num dos seus poemas, trouxeram para o presente o passado que partilhei, que aprendi a amar, a pobreza material daqueles tempos de má memória, onde na Europa se matava e morria aos milhões e neste cantinho à beira mar plantado, se vivia a Paz dirigida por onde um Ditador que ditava leis, dizia como fazer e como fazer.

A Escola era um objetivo distante porque naquele tempo, o saber era um ato perigoso. Aprender sim, mas apenas a obedecer. A liberdade era um perigo.

Todavia sempre aprendemos que o mundo ia para lá deste pedaço de terra, desconhecida na Europa em chamas.

E foram os poetas que nos explicaram que havia outros mundos para além daquele que nos era ensinado.

Por tudo isso a Poesia foi e ainda é, uma arma carregada de futuro com escreveu o grande poeta Espanhol GABRIEL CELAYA.

E por isso eu, lendo Poesia, aprendi a amar a liberdade.

quarta-feira, 22 de maio de 2019

FEAR


FEAR

Terminei a leitura do livro do jornalista CARL WOODWARD, com o subtítulo em Português – TRUMP NA CASA BRANCA.

Nem sou capaz de sintetizar o conteúdo do livro. Mas se há uma palavra que será constante, essa é FEAR.

O jornalista ficou conhecido, pelo menos para mim, simples e despretensioso leitor, por alguns anos atrás, em colaboração com o colega, Carl Bernstein, terem investigado e divulgado os cenários do escândalo Watergate. Sim, Nixon abandonou a presidência, dois anos depois do início do seu segundo mandato.

E o mundo respirou de alívio porque a DEMOCRACIA nos EUA trinfara. O jornalismo de investigação fora a peça chave para mostrar contradição entre a verdade e a política.

E agora o que devemos pensar sobre o atual inquilino da Casa Branca?

O mundo está mudado. Os jornais, os jornalistas lutam pelo direito de informar mas o que realmente conta são as interferências das redes sociais e o controlo evidente das novas tecnologias.

Só assim se explica como um Presidente, mais que medíocre, exerce o poder, desprezando a Lei no seu País.

 E queiramos ou não, precisamos dos USA para nos dar alguma tranquilidade, agora que podemos assistir com preocupação, ao avanço das doutrinas fascistas que enlutaram o mundo no século 20.

E por isso é bom que tenhamos MEDO.

Para relembrar aos que assistem ao regresso, em vários países da Europa, eu escolheria a guerra civil de Espanha, porque familiares que não esqueço, me contaram o sabor a sangue, a miséria, os gritos dos prisioneiros encerrados e abatidos na praça de touros de Badajoz, vou postar um poema de Miguel Hernandes, o Poeta assassinado.

Espero que gostem e que isso vos dê forças para lutar, enfrentando os que já esqueceram.

 

sexta-feira, 17 de maio de 2019

BACK TO BLACK


O sol brilha neste pequeno País.

Hoje, somos parte da União Europeia mas teimamos em recordar que a nossa história foi escrita com suor, lágrimas e fome. Mas é o nosso passado que nunca esqueceremos e de que nos orgulhamos.

 Dessa História, guardamos o orgulho dum Povo que deu novos mundos ao Mundo. Os Escritores que a contaram, os Poetas que a cantaram, foram e são os trunfos que guardamos nos dias de hoje,

Mas já conseguimos sentir que, um dia, que não será muito longínquo, o sol deixará de brilhar e regressaremos às trevas.

Porquê este receio?

Somos um País perdido numa Europa que ameaça ruínas, num mundo onde a vontade não é dos Povos, mas é dos monstros que deixamos criar e crescer em cada parte do mundo.

E começam a surgir o que a história regista mas que muitos teimam em esquecer. O renascer das doutrinas que encheram os campos de valas de mortos por ideologia ou religião. E são ainda muitos milhares as que se encontram esquecidas.

O mar que agora enfrentamos não é um desconhecido. É um mar de ódios onde as forças ocultas dos interesses financeiros nos farão naufragar.

E os nossos navegadores já não existem para descobrir novos mundos.

É fácil dizer que o tempo que se avizinha não será de sol e tranquilidade.

Temos que acordar do torpor em que nos vamos deixando cair. Voltar ao passado iremos ao encontro das noites negras que se esconderam mas que aguardam tempo de voltar. Afinal (BACK  TO BLACK.)  

terça-feira, 14 de maio de 2019

IT´S A MAD WORLD


IT´S A MAD, MAD, WORLD
Olhando à nossa volta a nosso sentimento é só um. O mundo está louco.
E sem destino, limitamo-nos a esperar que a Mãe natureza nos dê a mão para o final do caminho.
Sem futuro que possamos deixar às próximas gerações a dor é ainda maior. Nós os que em breve partiremos deixamos um mundo em ruínas, uma sociedade sem valores.
 Os interesses financeiros que já ameaçaram meio mundo, vão continuar mandar até ao dia do juízo final. E agora têm um aliado poderoso, a política sem valores, a mediocridade dos detentores do poder e, como arma a internet na sua utilização. 
E olhando para o mundo o que vemos?
As alterações climáticas são já uma ameaça bem real para a vida deste mundo que todos, mas todos, estamos a contribuir para o seu fim.
Morrem os Oceanos, morrem as crianças vítimas inocentes da fome, da miséria, o ar deixará de ser respirável e nós ficamos mudos e quietos perante o fiam do mundo em que aprendemos a viver e não fomos capazes de deixar para as futuras gerações.
O flagelo de uma nova guerra no Medio Oriente, continuando outras guerras porventura esquecidas, e as que cada dia se anunciam, o mundo vai assistindo, sem luta, ao fim duma civilização? O flagelo de uma nova guerra no Medio Oriente, continuando outras guerras porventura esquecidas, e as que cada dia se anunciam, o mundo vai assistindo, sem luta, ao fim da civilização!
Porque sem dúvida, apesar da consciência que em alguns Países as pessoas, sobretudo os jovens queiram chamar à responsabilidade os detentores dos interesses económicos, financeiros, eles serão sempre, eternos aliados de políticos menores, ignorantes e sem escrúpulos.
 

terça-feira, 7 de maio de 2019

O LADO ERRADO


O LADO ERRADO

Foi caminhando que aprendi.

Entendi as lições da vida olhando o para o futuro e recordando o passado, sinto que dei o melhor de mim.

Valeu a pena?

É que nas noites de insónia pergunto-me se não teria andado pelo caminho errado?

E a dúvida atormenta-me!

Mas o sono acaba por chegar e com ele vem a emoção duma vida que me trouxe tantos momentos que  recordo e  me surgem da  poeira do caminho.


E então, o sono calmo e amigo, fez-me reviver os momentos que me marcaram e dos quais sinto saudade. Ah saudade, que palavra tão bonita, apesar de ser um   GOSTO AMARGO DE INFELIZES» como escreveu o grande Almeida Garrett no seu poema CAMÕES.

Assim vivo recordações, dos filmes que vi e adorei, dos livros que li e reli, principalmente dos Poetas que me ensinaram que a Poesia é, o melhor que a vida nos traz. E essa poesia que teima em me fazer acordar para um mundo que de poético não tem nada.

Depois do fascínio volta o desânimo. Afinal, sempre deverei ter caminhado pela estrada da vida, escolhendo o lado errado.

 

 

sexta-feira, 3 de maio de 2019

O CRESPÚCULO


Passaram 45 anos depois da revolução dos cravos. Tanta esperança, tanta alegria que, pouco a pouco, se foram transformando em desilusão, amargura, raiva e desesperança.

Quem nasceu durante a ditadura de Salazar, e comeu o pão que o diabo amassou, quem foi segredado no acesso à educação, quem foi convidado a combater nas guerras de África, foram os mais entusiastas cantores de Abril de 1974.

Quem diria que tantos anos após, depois de ilusão da entrada na União Europeia, da Europa unida pela história que se esqueceu podemos gritar, com toda a força que nos vai na alma, vencemos.

A ilusão da Comunidade Europeia, os seus valores e princípios, foram-se transformando num cemitério de promessas que, ano após ano, nos empurram para o destino que, os fundadores da ideia da Europa, nunca pensaram ser possível.

A União já não existe. Cada País semeia e colhe para seu proveito.

Todavia temos que fazer justiça aos povos que ainda resistem. Pelo menos enquanto a Comunidade tiver uma Assembleia para onde cada País elege os melhores, ou os mais afortunados para se governarem.

Dói mas o caminho seguido terá de ser mudado sobre pena de se assistir ao renascimento das ideologias que foram responsáveis por muitos milhões de mortos em duas guerras que se não podem esquecer.

E elas já fizeram o seu caminho e pouco a pouco destruirão o sonho dos criadores da União da Europa.

Valha-nos o senhor.

E no crepúsculo da vida, guardo os meus sonhos. Que mais posso fazer?





ADEUS

                            (EM JEITO DE POEMA)         

                           

                         Fui guardador dos sonhos, que sonhei

                                   E dos momentos que vivi.

                                   Guardei memória do que amei

                                   Escondi lágrimas pelo que perdi.

 

                                   Fui guardador de estrelas, que contei

                                   Nas noites quentes em que não dormi.

                                   Lembro os desgostos que calei

                                   E dor, pelos dias felizes, que esqueci.

 

                                   Fui memória de histórias, que inventei,

                                   Autor de poemas, que não escrevi.

                                   Fui quase tudo o que não esperei ser

                                   Nuvem, miragem e em tudo me perdi.

 

                                   Sou lembrança do passado, do presente

                                   Andarilho dos caminhos, que percorri.

                                   Cerrei os punhos pela dor pungente

                                   Que me dilacerou, mas a que não fugi.

 

                                   Fui o princípio, o meio … e o fim

                                   Filho do sol e da lua, nascido da terra

                                   Feito de um pó tão fino, que o vento levou

                                   Parto desfeito ao ter perdido a guerra.