quarta-feira, 1 de abril de 2020

EM PORTALEGRE

 
Hoje regressei às minhas memórias de infância e da adolescência.
Nasci no Alentejo, o lugar lindo, COVAS DE BELÉM, nos arredores da cidade de PORTALEGRE.
Cresci entre as árvores e as flores, vi nascer os frutos, plantei árvores, ouvi o cantar dos pássaros, filho de pobres mas rico de valores que a família me ensinou.
Nasci  durante grande guerra, num Alentejo de grandes e poderosas famílias e de muitos pobres que trabalhavam de sol a sol e comeram o pão que o diabo amassou.
Mas aprendi a amar os livros, a ouvir as histórias dos mais velhos e a trabalhar para um amanhã.
Guiado pelas recordações fui procurar um livro de poesia escrito por um Poeta nascido na minha cidade. Procurei e encontrei o livro, título,  FEL autor JOSÉ DURO. Foi o único livro que o Poeta publicou, morreu ainda jovem e o título diz o sofrimento do autor..
Num parque da minha cidade, num recanto, bonito dum jardim, podemos ler um pequeno texto, que nos diz:
" O LIVRO QUE AÍ VAI - OBRA DUM INCOERENTE-
É UM LIVRO BRUTAL, É UM POEMA A ESMO…
PENSEI-O PELA RUA OLHANDO TODA A GENTE,
ESCREVI-O NO MEU QUARTO OLHANDO-ME A MIM MESMO…"
 
Encontrei o livro FEL numa pequena e escondida livraria num qualquer dia dos anos 90. O livro foi editado em 1971 e é um dos livros de Poesia que guardo e leio quando estou triste.
Mas hoje procurei um outro autor que falasse da minha cidade.  E encontrei.
Sim dizia " Em Portalegre, cidade do Alto Alentejo…" o grande Poeta José Régio que conheci bem pois era professor do Liceu de Portalegre.
O meu caminho, a minha vida, levou-me para Lisboa. Dezoito anos, trabalhar enquanto guardava a ida para a guerra do Ultramar.~
Eu não fugi à terra em Angola. Regressei, e trouxe comigo todos os meus soldados.
Depois foi viver o Amor e partilhar o odor dos cravos da revolução de Abril. Foi lindo.
Partilhei o Amor, recebi um filho, percorri o mundo.
Plantei árvores e escrevi um livro.
E agora?
Neste  confinamento a que um vírus nos obrigou , relembro o passado e leio os poemas da minha vida.
E como falei de PORTALEGRE, cidade esquecida, deixo-vos um poema de Régio, dito por João Villaret, um grande ator e que há muito nos deixou.
 
 
 
 

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