segunda-feira, 25 de abril de 2011

O EXECUTOR

7 – BEIRUTE

Com a definição da sua estrutura, Pedro passou a estar em condições de responder ao desafio.
Em Lisboa a sua base de apoio assentava numa Sociedade Unipessoal com sede no apartamento entretanto adaptado, com uma unidade de computadores instalados com os melhores programas de segurança disponíveis no mercado, e aos quais introduzira configurações e chaves de segurança, que lhe foram fornecidas por um especialista de primeira linha, já seu conhecido na Bósnia. Sabia por experiência própria que toda a segurança tem limites e por isso as ligações e acessos à Internet eram objecto de atenção redobrada.
Precisava de apoio. Encontrou-o contratando uma jovem economista recém licenciada à procura do primeiro emprego. O seu trabalho era fazer análise de projectos de investimento, baseados em pedidos de empresas de capital de risco, que contratavam o serviço.
Era a única actividade oficial da Sociedade, e a sua fonte de rendimento.
Tinha decorrido apenas três meses e Pedro já estava a abrir uma outra sociedade formal em Marselha, sediada numa pequena casa, sobriamente mobilada, num bairro discreto.
Com o nome “Fond d’Investiment Privé sa” abriu e operacionalizou uma conta bancária num Banco em Gibraltar.
Tinha, assim, assegurado um refúgio e a possibilidade de movimentar fundos sem controlo.
A colaboradora que escolhera, Gabriela Reis, tinha sido uma escolha acertada. Revelava competência, ambição e inspirava confiança. Pedro sentia que podia contar com ela.
Depois de voltar de Marselha, convidou-a para jantar. Foi um momento descontraído e falaram de tudo menos de trabalho.
Pedro mostrou surpresa por uma jovem inteligente e bonita, confessar ser descomprometida, mas por convicção.
- Gabriela explicou, sem qualquer pudor, que tinha amizades e vida sexual, mas não queria que uma ligação mais séria a impedisse de realizar uma carreira independente, fora dos padrões convencionais.
- Sabes, dizia ela a Pedro, comecei a trabalhar contigo porque prevejo qualquer coisa de desafiante. E eu gosto de desafios, todos, acentuou com um olhar cheio de promessas. E concluiu:
- Aqui para nós, o trabalho que fazemos é apenas uma capa, não é verdade?
Pedro sorriu, lembrou que os objectivos das Sociedade de Capital de Risco podem ser difíceis de entender, mesmo para nós. Contudo, o trabalho que fazemos é o que nos é pedido e para o qual nos pagam. Por agora nada mais te deve interessar, o resto esquece.
A qualquer momento, Pedro esperava receber a sua primeira missão.E ela chegou através de uma chamada de atenção para uma página do jornal "The New York Times".
Na página do jornal, assinalado com uma seta, um homem de óculos escuros,que se apresentava como Banqueiro e que visitava Beirute, como membro da comitiva de um Embaixador.
A mensagem, que recebeu apenas dizia, em linguagem cifrada e em sublinhado, executar.
Pedro, planeou o golpe, viajou com um passaporte falso que havia comprado em Marselha, e convenientemente disfarçado, aguardou pela saída do Hotel da numerosa comitiva, misturou-se com os seguranças e utilizando a arma com silenciador, executou o alvo assinalado e desapareceu no meio da confusão.

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