sexta-feira, 29 de abril de 2011

O EXECUTOR

9 – JEZABEL

Seguindo regras de segurança que tentava cumprir, em 22 de Abril, Pedro procedeu à reserva de dois lugares no voo Lisboa/Barcelona/Lisboa partida a 24 e regresso a 28 de Abril e do alojamento no Olívia Plaza Hotel.
Todavia no final do dia 22 Informou Gabriela, que o programa teria de sofrer uma pequena alteração. Sabes, disse ele, surgiu um imprevisto eu vou ter de viajar por Madrid e só depois te encontrarei em Barcelona.
Não te preocupes, mas na realidade eu não sei quando te poderei encontrar.
Mas irei fazê-lo, só não posso garantir a hora.
Pedro viajou de carro que deixou parqueado em Madrid e tomou o comboio de alta velocidade para Barcelona.
Chegou na manhã do dia 23 e seguiu de táxi para o Hotel Palace onde se alojou utilizando o passaporte francês em nome de Vilar, Pierre.
Arranjou maneira de convencer a recepção a verificar se havia um registo para o dia 24 em nome dum amigo de Portugal, cujo nome não recordava. Simpaticamente a recepcionista encontrou um pedido de reserva para o dia 24, em nome do senhor e senhora Dias, que iriam ocupar a suite do último piso.
Agradeceu e subiu para o quarto para descansar.
No dia seguinte, depois do pequeno almoço, foi andar um pouco pelas ruas da cidade, misturando-se com as pessoas que apressadamente caminhavam para o seu trabalho.
Voltou ao hotel ao princípio da tarde, instalou-se num salão com vistas para a recepção, lendo o jornal da manhã e espreitando a chegada e registo de novos hóspedes.
Nada lhe pareceu estranho, mas num relance, viu uma mulher só, alta, elegante, cabelos negros caídos sobre os ombros, caminhando para os elevadores, enquanto um empregado do hotel lhe transportava uma mala de bom tamanho.
Levantou-se, caminhou pelo átrio e espreitou o mostrador do ascensor. Parara no quinto piso.
Perguntou na recepção se o casal Dias já se tinha registado, obteve a confirmação, mas só a esposa, que ficara instalada na suite número dois, quarto piso.
Pedro subiu ao seu quarto, abriu o computador e tinha recebido uma mensagem normal. Apenas dizia,” cheguei, suite 2, piso 4. Aguardo-te. J”
Respondeu, avisando que chegaria pela hora de jantar. Assinou P.
Voltou a sair e foi andando até ao hotel onde Gabriela já se encontrava.
Sim, estou aqui à tua espera só para entender se devo ir dar uma volta ou se vais precisar dos meus serviços, perguntou Gabriela.
Pedro sorriu respondendo:
- Quero ser claro contigo. Eu vim em serviço mas não me perguntes qual, para não te mentir. Convidei-te e tenho a certeza que vais gostar da cidade. Não te prendas comigo e desfruta o passeio.
Eu procurar-te-ei, só não sei quando e onde. Quando voltares ao nosso escritório e se alguém perguntar por mim, dizes que nada sabes da minha vida.
Claro Pedro entendo, na verdade se alguém me perguntar por ti eu só poderei dizer a verdade, que nada sei. Mas deixa que te diga, não me sinto bem nesse papel que me reservaste, algo descartável. Não é bonito. Se te posso pedir uma coisa, peço que não me procures mais, aqui e em Lisboa. Quando regressar pegarei nas minhas coisas e seguirei outro caminho.
Gabriela, responde Pedro, não estás a ser justa para comigo e, principalmente para contigo. Eu não me servi de ti, sei que tu tens uma personalidade forte e nunca irias aceitar um papel menor. Eu gosto de ti, gosto mesmo, mas para teu bem, só como amiga.
- Confesso que foi a conversa mais sem jeito que ouvi. Uma coisa é verdade, eu vim sem saber para quê e por isso, talvez não mereça mais do que as palavras de conforto. Mas Pedro, mesmo falando em amizade, há qualquer coisa que nos deve unir, caso contrário, significa nada.
- Dá-me uma oportunidade, peço-te. Em Lisboa, espera por mim e nesse dia entenderás.
Dito isto, Pedro voltou para o encontro no Palace Hotel.
Subiu, tocou a campainha da suite e a porta foi-lhe aberta pela mulher que vira de relance na recepção.
Entre, o meu nome é Jezabel, e sou a mensageira, disse num inglês fluente.
Pedro sentou-se num dos sofás enquanto a mulher retirava da mala um dossier e lhe entregava. Esteja à sua vontade, afinal passamos por ser um casal e assim devemos continuar para nossa segurança. Eu trabalhei o caso que se lhe vai ser apresentado e estarei disponível para qualquer esclarecimento. A chefia e coordenação da operação serão da sua responsabilidade.
Pedro recebeu o dossier e reparou que sobre um sofa estava uma cabeleira, cabelos longos e negros. Era a diferença que agora notava. A mensageira era uma mulher atraente de facto, mas com um olhar determinado.
Congratulou-se, imaginara encontrar uma mulher correio, frívola e vazia e reconhecia estar perante uma profissional.

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