domingo, 27 de fevereiro de 2011

ANOS SESSENTA - III

Regressei da guerra no final de 1966. Regressei sem feridas físicas ou morais e com a alegria de, como tinha prometido, trazer vivos os soldados que me acompanharam na jornada.
Cresci muito nesses anos. Porque foi naquele tempo, no meio daquela incerteza, compartilhando com os meus bravos soldados, os perigos, a fome e a sede, o desânimo e a saudade, que aprendi a liderar, procurando fazê-lo com justiça e pelo exemplo. A eles devo a estima e a amizade.
Só por isso, não foram anos perdidos.
Os restantes anos da década, foram de uma turbulência que quase não nos deixava tempo para pensar. E eu fui apanhado por essa avalanche.
É a guerra do Vietname. São as manifestações contra a guerra, que envolveram milhares e milhares de jovens de todo o mundo;
Começávamos a ouvir os sinais do Maio de 1968. Este acontecimento, que assumiu proporções históricas, fez tremer o regime Gaullista, fez a maior greve geral que se conhece e tudo pôs em causa, e apesar de uma situação económica favorável, os estudantes de Nanterre, gritavam o slogan “É Proibido Proibir”. Fim da Utopia.
Em Portugal deu-se o milagre da queda da cadeira. Salazar, finalmente caiu.
Mas, depois tudo voltou à normalidade.
Porém, e este é o meu lado romântico que não tem cura, o acontecimento que mais fundo me tocou, foi o assassínio de “Che Guevara”. Imortalizado na célebre fotografia de Alberto Korda, mesmo que ela tenha sido encenada, o poster ainda o guardo, no meu baú de recordações.
E depois do pouco que escrevi, e pela rama, deixo-vos o “Hasta Siempre Commandante”.

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