quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

EM BRUXELAS

Há pouco tempo vi na Televisão o filme “Em Bruges” e lembrei-me que, tendo estado na Bélgica por mais de uma vez, nunca visitei Bruges, apesar de que todos os meus amigos me diziam ser, visita obrigatória.
Pronto, tive oportunidade, mas não aproveitei.
Uma das vezes que estive em Bruxelas, aconteceu quando, para regressar de Luanda, utilizei o voo da Sabena, com escala em Kinshasa.
Durante esta escala, assisti à entrada no aparelho, de militares fortemente armados, escoltando dois funcionários, cada um transportando uma caixa negra, que era guardada num cofre existente perto da cabina de pilotagem. Depois os dois funcionários saíram, os militares também, o avião descolou para o seu destino.
Ingenuamente, perguntei a um comissário de bordo, a razão naquela escala, porque nem tinha saído nem entrado um só passageiro. O Comissário riu e perguntou se eu não tinha reparado nas caixas negras, porque elas eram a razão da paragem do avião. Sabe, lá dentro vão as economias mensais do Presidente Mobutu.
Eu sabia o que toda a gente sabia, mas que o descaramento fosse tanto, nem dava para acreditar.
Cheguei bem cedo à cidade e escolhi um pequeno mas agradável hotel, bem no centro da cidade. Tinha combinado com a minha Mulher que ela iria a Bruxelas, onde eu a esperaria, para podermos passar um bom fim-de-semana. Tivemos assim oportunidade de experimentar a comida tradicional, mexilhões com batata frita, e reservamos o dia para admirar o que a cidade tem para nos oferecer, designadamente a Grand Place, que impressiona pela sua arquitectura e monumentalidade. Contudo, os nossos amigos Belgas salientaram que a Praça só existia com aquela grandiosidade, porque tinha sido construída pelos Espanhóis.
Na Segunda-feira, tinha um encontro de trabalho na cidade de Malines. O motorista de táxi, não conhecia a cidade e quanto perguntava o caminho para o endereço que eu pretendia, falava em Flamengo. Eu, um pouco desconfiado, disse-lhe que deveria fazer as perguntas em Francês, para eu entender e poder ajudar. A resposta dela foi a melhor prova da impossibilidade de um dia haver um Europa Comum. Ele disse que, a Cidade em que estávamos se chamava Mechelen, zona Flamenga, e que se perguntasse em Francês, ninguém se dignaria responder.
Regressei a Bruxelas por comboio. Ao deixar-mos o hotel com destino ao Aeroporto, reparamos que no átrio do hotel, entre outras personalidades que o tinham frequentado, havia uma placa, bem destacada, dedicada a Astor Piazzolla.
Confessamos que não conhecíamos. Hoje, muitos anos depois, podemos dizer que sim, conhecemos, e que é com grande prazer que ouvimos um Tango diferente, porque é tocado por Piazzolla no seu Bandoneon.
Querem ouvir?

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