quarta-feira, 25 de maio de 2011

O EXECUTOR

25 – ESTRANHA FORMA DE VIDA

Como é de prever, as duas partes estavam a fazer bluff. Todavia ninguém apostou. Pedro identificou o cadáver de Gabriela, na mesma altura recebeu a informação de que o Procurador autorizava a retirada do cadáver e fez andar o processo para o envio para a família em Portugal.
Quando à noite regressou ao hotel, Richard aguardava-o no vestíbulo.
Entraram no quarto, Pedro aceitou um envelope que o amigo transportava na sua mala de diplomata. Não abriu sequer, preferiu comentar que a entrega que acabara de lhe ser feita respeitava, estava certo disso, o seu pedido.
Acompanhou Richard à recepção levantou o disco de arquivo informático, que lá havia guardado, entregou-o garantindo que, desta vez está aí tudo o que eu sei, incluindo o meu contrato de prestação de serviços que, naturalmente ficará nulo, bem como toda a correspondência entre as partes. Como peça mais importante para a vossa Agência está também o correio que recebi a marcar o encontro para a morte.
Richard, aqui os nossos caminhos separam-se. Lamento que o pedido que te fiz, pensando estar na presença dum amigo, te tivesse causado algum embaraço. Mas, eu precisava de ajuda e tu não foste o amigo que eu supunha e esperava. Passa bem e muito sucesso no teu trabalho.
Ainda ficou mais uns dias em Nova Iorque, porque sem saber como, alguém lhe enviara para o seu computador uma fotografia. Nela Pedro reconheceu “Jezabel”, numa esplanada junto ao mar, tomando uma bebida na companhia de alguns amigos que não conhecia. Com a ajuda do especialista que contratou numa loja de reparação de computadores, discretamente instalada no meio da confusão da “Chinatown”, tentou saber donde teria sido enviada a foto. Mas de concreto nada conseguiu, salvo uma vaga opinião que o remetente estivesse sediado num País da América do Sul, talvez do Brasil.
Regressou a casa, mais velho, mais triste e decidido a terminar a sua aventura. Mas para isso tinha de mudar de País. O Portugal e a sua Lisboa traziam-lhe à memória muitas lembranças e nem todas eram boas. E o amor por Gabriela ainda estava instalado no coração.
Para continuar vivendo precisava de completar uma tarefa. A fotografia que lhe tinham anonimamente enviado mostrava uma “Anne” alegre na companhia dos seus amigos. Possivelmente rindo do golpe do qual ele fora um mero comparsa.
Mas que estranha forma de vida, Pedro queria esquecer o passado mas ele fizera questão de lhe aparecer. E duma forma inesperada. No seu correio encontrou um postal que lhe era dirigido, apenas o seu nome e morada. O postal tinha apenas, impresso “Bienvenido a Mar de Plata”.

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