segunda-feira, 11 de julho de 2011

O RAPTO

14 – SOB SUSPEITA

Carlos até podes ter razão, mas ele vai ter de nos contar a história.
- 0 Senhor já não é polícia e por isso não me pode obrigar a nada. Eu é que posso fazer queixa e o senhor vai ficar a saber como elas mordem, ameaçou o prostituto.
- É verdade, mas não sendo polícia posso arranjar maneira de saíres daqui sem essa bela figura. Não me provoques e conta-me tudo, será melhor para ti. Perante o silêncio, António Pedro acelerou:
- Carlos tira-lhe a carteira com os documentos para que saibamos como ele se chama, onde mora, com quem vive, o nome do protector, etc.
O suor começou a escorrer pelo rosto e a fanfarronice quase desapareceu.
- Senhor Doutor não fiz nada de mal. Apenas um pequeno golpe para sacar algum.
- Então eu ajudo-te. Engataste a fulana no clube, levaste-a para o hotel, drogaste-a e com o teu telemóvel, tiraste umas fotografias. Roubaste da mala os documentos, os cartões, e concluíste que ali havia massa da grande. Deste à sola e foste vender as fotos à tua conquista. Foi assim, não foi?
Ele acenou que sim.
- Então e ela pagou-te quanto?
- Pagou vinte mil euros pelas fotografias e pelos documentos.
- Vinte mil Euros? Achaste pouco e percebeste que tinhas encontrado uma mina e quiseste mais. Foste a casa dela para sacar mais algum. Em vez da Mãe encontraste a filha e raptaste a miúda! Onde é que ela está? O que é que lhe fizeste?
- Edmundo, assim se chamava o suspeito começou a tremer como varas verdes.
-Eu não fiz nada à miúda, juro. Apenas lhe dei um envelope com mais algumas fotografias da Mãe e o pedido de mais 5 mil euros. Depois tive medo que o motorista que tinha ido comigo, fosse contar alguma coisa ao patrão e desisti. À noite voltei a casa da Médica para ver se ela pagava e ela ameaçou-me com a Polícia e com um detective privado, porque a filha tinha sido raptada. Eu fiquei aterrorizado pois nunca mais havia visto a miúda. Dei-lhe uns socos e ela deu-me o seu nome e direcção. Gritou por socorro e eu fugi. Como se lembra, no dia seguinte logo pela manhã, fui ter consigo, para lhe contar o que agora estou a dizer, mas o senhor nem me quis ouvir. Esta é a verdade, juro.
- Então eu vou colocar-te a questão de outra forma. Também acho que um cobardola como tu, não era capaz de montar uma operação de rapto da pequena. Mas alguém o fez. O teu amigo motorista foi contar ao teu protector a tua visita e tu tiveste de contar a história. Foi ele quem se ocupou da miúda?
- Não, não o meu amigo não sabe de nada.
- Olha, se te queres safar tens de contar a verdade. Eu não acredito em ti e para mudar a minha opinião vais dizer-me o nome e o poiso habitual do teu sócio e onde é que ele tem a miúda. Estou a ficar impaciente e nervoso. Vou levar-te até ao clube e vou lá perguntar pelo dono. Se ele estiver apresenta-nos. Depois vais dar um passeio e quando acabar, nunca mais vais ter vontade de te veres ao espelho.
- Por amor de Deus não me leve ao clube, se o meu amigo desconfia de alguma coisa vou acabar no fundo do Tejo com um bloco de cimento preso aos pés. Ele não está no clube, mas os seguranças, se me virem consigo, vão pôr a boca no trombone.
- Essa ideia do fundo do rio, com o bloco de cimento nos pés é gira. Já o viste fazer isso, a quem?
- Foi a dois seguranças que ele descobriu davam informações à Polícia. Foi o ano passado, eram o Tomás e o Bernardo. Tratou deles e com outro companheiro meteu-os no barco, que tem na doca de Santos, e largou os embrulhos no meio do rio. Quando regressaram, bem dispostos, o patrão comentou que o serviço feito naqueles dois teria de servir de exemplo para o Polícia.
- Tu assististe a esse crime ou ouviste contar?
- Fiquei no carro, mas vi tudo.
- Então conheces o Polícia?
- Não sei quem é.
- Edmundo a coisa está feia para ti. Para que te possa dar uma ajuda, tens que descobrir o que é que os teus amigos fizeram à miúda. Vamos levar-te a casa para que nos dês o cartão do telemóvel e verificar se tens ou não mais fotos guardados no computador ou noutro cartão. A tua actividade acabou hoje. Descobre onde é que eles têm a miúda e eu ajudo-te a sair do País.

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