sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

DUETO IMPREVISTO








VIOLONCELO

PRESTO
Naquele dia, parecia que tudo se iria passar com a mesma rotina. Parecia, mas não foi assim. Um temporal, chuva intensa e vento com rajadas muito fortes, começou logo à saída do comboio.
Para ajudar, o carro decidiu não colaborar e ficou imóvel. O telemóvel, por descuido, estava sem carga.
Sofia ficou parada, sem saber o que fazer. Decidiu que, mesmo debaixo da chuva, teria de ir andando até à estação e procurar um táxi. Não era perto o lugar onde tido estacionado o carro e quando chegou à porta da estação, ficou desanimada. De táxi nem sinal e o que encontrou foi uma extensa fila de pessoas, espreitando a sua vez .
Que mais me falta acontecer? Voltou para junto do carro e tentou mais uma vez colocá-lo a trabalhar. Sem resultado, os nervos cederam de vez, colocou a cara no volante e chorou lágrimas de desespero.
Estava na naquele sofrimento, quando um homem lhe bateu no vidro da janela. Sofia era uma pessoa muito cautelosa e sabia não deveria abrir o vidro a um estranho. Mas abriu e fez bem.
Quando o desconhecido lhe perguntou se precisava de ajuda, quase desfeita em lágrimas contou o seu drama. O carro não pegava, com o telemóvel sem bateria não podia pedir ajuda e estava muito preocupada com a filha mais nova, que já devia ter voltado da escola e estaria à porta à sua espera. Não fosse tão longe, lamentava-se, mesmo com a chuva que não abranda, eu já me teria metido a caminho, marchando a pé.
O desconhecido recomendou-lhe calma porque tudo se iria resolver. Olhe, sirva-se do meu telefone e fale com a sua filha para a tranquilizar. Entretanto eu vou colocar o meu carro ao lado do seu, passo os cabos da minha bateria e o seu automóvel vai pegar. Fique dentro do carro enquanto eu faço a ligação. Quando eu tocar a buzina, ligue o motor.
Assim e após uma ou duas tentativas o motor do carro de Sofia começou a trabalhar.
Pronto, assim pode seguir mas tenha cuidado para não deixar o motor parar. Para onde é que vai, perguntou o simpático socorrista?
- Vou para perto do Parque dos Poetas, respondeu Sofia, enxugando as lágrimas.
Então siga na minha frente, porque eu também moro numa praça ali perto e se algum problema surgir durante a viajem, estarei por perto. Amanhã, com calma, preocupe-se então com a viatura.
Eu nem sei como lhe agradecer, caro senhor.
Caro senhor, não diga isso, afinal somos quase vizinhos e que eu fiz foi uma coisa normal. A propósito o meu nome é Ricardo e sinto-me feliz por a ter ajudado.
Eu chamo-me Sofia e depois de um dia difícil, obrigado por o ter encontrado. Sorriu, arrancou, viu pelo retrovisor as luzes do carro que a seguia e, à porta de casa ,conseguiu um lugar para estacionar. O outro carro, deu meia volta, acenou e seguiu o seu caminho.
Sofia, fez uma carícia na filha que a aguardava, abriu a mala para tirar a chave da porta e só nesse momento se apercebe que havia guardado o telemóvel que Ricardo lhe tinha emprestado.
Então e agora ou que vou fazer?
Oh mãe não te preocupes, eu estou cheia de frio e fome e não tarda nada, chega a carrinha da Carolina. Depois falamos.
Ao jantar Sofia contou às filhas a aventura daquele dia.
Lamentou o descuido, por ter guardado o que lhe não lhe pertencia. Ricardo até pode pensar que o fiz com segunda intenções.
A Mãe, tem que nos contar tudo, diz Carolina. Então ficaram assim, Ricardo, Sofia e depois?
Olha Mãe, um encontro do meio da tempestade, entre dois desconhecidos, pode ser o principio de um belo romance de amor. Temos de conhecer o teu admirador

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