domingo, 9 de janeiro de 2011

DUETO IMPREVISTO




VIOLONCELO

VIVACE

A sábado era para Sofia um dia especial. Levantava-se cedo e preparava um banho de imersão. Um longo banho. Com o corpo coberto por espuma sentia-se, reconfortada de uma semana de correria.
As flhas eram o presente, e as preocupações do futuro. Tenha conseguido gerir o crescimento e a entrada na adolescência de Carolina e contava com ela para acompanhar a irmã, que admitia via a ser mais rebelde.
Artur, o Pai, falava com a miúdas de vez em quando, mas confessando as saudades, arranjava sempre uma desculpa para as não levar a passear, como tantas vezes havia prometido. E elas iam desculpando, mas Catarina, sentia que, passo a passo o Pai se ia afastando dela. Ela, passara a ver o Pai com uma pessoa com quem se fala ao telemóvel, e no momento seguinte se esquece.
Sofia procurava entender o comportamento do ex-marido. Pensava que a sua vida não devia estar a correr da melhor maneira pois, já há muitos meses, deixar de depositar a pensão. Mas não lhe perdoava o facto nem uma palavra de lhe ter dito. Até nos aniversários das filhas, era ela quem comprava uma lembrança e um postal que escrevia em nome do Pai.
Da última vez, Catarina abraçou a Mãe e com lágrimas nos olhos segredou-lhe que sabia quem é que lhe estava dar a prenda e os parabéns, e por isso não queria receber mais.
Estava de tal maneira a pensar das filhas quem nem se deu conta que a água estava a ficar fria. Saiu da banheira, envolvida num roupão,limpou o espelho embaciado e olhou-se. Com vaidade,confirmou que, apesar dos anos e das duas maternidades, o seu corpo mantinha a firmeza, os seios que nunca tinham sido muito volumosos a sua beleza e as ancas e as pernas não apresentavam estrias.
Sabia ser um a mulher interessante, percebia isso os olhares dos colegas e nos homens com que se cruzava nas ruas, mas tinha decidido que uma terceira ligação, só com um homem especial, que lhe desse amor, muito amor, muita ternura, e que com ela partilhasse os momentos e os gostos.
Pois é, e onde é que eu vou encontrar esse homem? Se eu, que me senti atraída pelos breves instantes em que conheci Ricardo, nem assim o consegui voltar a ver! E talvez assim seja melhor do que sofre alguma desilusão.
Preparou um pequeno almoço e na mesa encontrou o telemóvel que, inadvertidamente, guardara. Esteve a olhar para o aparelho, com vontade de o ligar, mas receava que isso pudesse ser desagradável . Poém a curiosidade foi maior, abriu e percorreu a lista de contactos à procura nem sabia do quê. Na realidade sabia, eu lia contactos de mulheres. Aguns havia, mas não lhe pareciam muito próximos. Encontrou o número, de uma senhora chamada Dona Rosa. Quase apostaria seria a mulher a dias. Depois vou pedir à Carolina, tem mais geito do que eu, que ligue e invente uma desculpa qualquer para descobrir a morada de Ricardo.
Saiu para as compras do super e quando regressou já as duas filhas, com o ar mais inocente do mundo, a aguardavam na cozinha.
Mãe, temos novidades para ti, a Carolina já descobriu o Ricardo, não é verdade?
Sim minha linguaruda. O teu cavalheiro da bruma, sabemos onde mora e disseram que é um homem excepcional.

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