sábado, 22 de janeiro de 2011

QUANDO MORREM OS SONHOS



1 º CAPÍTULO

Alberto Pimenta estava a passar por uma crise. Isso reflectia-se no seu desempenho profissional, no seu estado de espírito e numa apatia à volta do mundo e das pessoas.
Era um homem muito contido e reservado e só ele entendia os motivos do seu estado emocional.
Estava à beira de completar os cinquenta anos, olhava para o passado e perguntava-se onde e como tinha deixado morrer os sonhos. A resposta não era fácil e nem era capaz de definir os momentos.
Tinha casado aos vinte e quatro anos de idade com uma rapariga que conhecia deste sempre. Apesar da amizade que os unia enquanto jovens, o casamento tinha sido decidido entre famílias. O primeiro filho nasceu dois anos depois, o segundo três anos após e ao completar trinta anos de idade nasceu uma rapariga.
Agora dava-se conta, que com trinta de idade já tinha a família constituída. Não era o projecto de vida que alguma vez pensara. Fora Pai e não vivera a vida que sonhara.
A mulher era uma excelente companheira, uma mãe exemplar mas na sua vida de casados nunca notara dela um lampejo de desejo. E, na altura que os filhos seguiam o seu caminho, nada se alterara e a vida em comum, tornou-se um hábito.
Quando pela manhã se levantava, olhava-se ao espelho e não sentia qualquer emoção.
Nem por o cabelo lhe começar a rarear, tampouco por algumas rugas ou na expressão baça dos olhos.
Alberto sentia sim, a falta de paixão, ele que sempre imaginara a vida preenchida por relações intensas e arrebatadoras.
Quando, na juventude dos dezassete anos, se deixou enlevar pelos livros que avidamente devorava e enredar nos dramas de amor dos filmes que via, construíra uma mentalidade extremamente romântica, mas sempre com amor trágico à mistura.
Para ele, eram os amores impossíveis, aqueles que dariam sal à vida.
Sonho que sonhei e que não vivi, pensava para consigo.
Estarei ainda a tempo?
Tomou uma decisão. Iria divorciar-se da Fátima, e partiria à procura de seu sonho.
Pode ser doloroso para ela, mas como tem a companhia dos filhos, não vai sofrer.

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