quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

OS CRIMES DO X




1º. Episódio

Foi no dia 10 de Novembro de 2009, uma terça-feira pela manhã, que dois operacionais da PJ, se encontraram num gabinete amplo, equipado com uma mesa de reunião, com dois computadores, impressoras e projectores
Não se conheciam, mas o mais velho, homem de ar bonacheirão, mas de olhos muito vivos, comentou que tanto aparato só podia significar um trabalho difícil. Olhando o colega, apresentou-se como subinspector Figueiredo, mas preferia que o tratasse só pelo nome. Eu costumo brincar dizendo, que subinspector é alcunha.
Você, é novo nestas andanças, para aqui estar é porque alguém o conhece bem, não?
- Sinceramente não sei, sou o que vocês costumam chamar de maçarico. O meu nome é Frederico e só sei pelo meu chefe, que ficaria a trabalhar com o Inspector Vítor Monteiro, pessoa que eu nem conheço.
- Tal como eu previa, responde o Figueiredo, o que nos espera é coisa fina, pois o Inspector Monteiro é uma das estrelas cá do circo.
A porta da sala abre-se e entra, com ar decidido, um homem de pouco mais de quarenta anos, alto, de óculos de aros finos. Não parece ser um experiente inspector da PJ. É considerado ter um feitio difícil e os colegas referem-se a ele como o professor.
Saudou com o sorriso o colega Figueiredo, cá estamos nós de novo não é velho amigo, e dirigido o olhar para o Frederico, fez questão de referir que, apesar de irem trabalhar juntos pela primeira vez, sabia com o que poderia contar.
Eu sou o Vítor Monteiro, tenho fama de ser uma pessoa muito exigente e sou. Também sou conhecido porque que sei trabalhar em equipa e dou sobretudo ao valor ao esforço conjunto.
Fui escolhido pelo nosso DG mas só aceitei com duas condições:
A primeira, é que os contactos com os Procuradores do MP não serão da minha responsabilidade. Dei-me mal e não sou bem visto pelos Magistrados.
A segunda é poder escolher duas pessoas para trabalharem comigo nesta investigação. Essas foram vocês.
Levantou-se e entregou a cada um dos presentes um memorando com fotografias e algumas notas, acrescentando:
- A investigação é esta. Vejam e espero a vossa opinião.
O Inspector tamborilava com o lápis no tampo da mesa enquanto os dois colegas liam o extenso documento e viam as fotografias.
Depois perguntou:
- Frederico, você leu o que é público. Não parece nada de especial, ou não? O que me diz?
Frederico, com a voz algo tremida, deu a sua interpretação:
- Segundo eu, tudo indica estarmos na presença de um “serial killer”. As vítimas foram executadas com garrote o que não é habitual entres lutas de “gangs”. O que me perturba, mas pode ser coincidência, é que as vítimas são delinquentes com passagem pela prisão, por assalto à mão armada e violações. Será quem os matou, nos quer empurrar para crimes por vingança?
Perante o olhar interrogativo do Vítor Monteiro, Figueiredo, mais experiente, acrescentou:
– Como sabe Inspector, já nos conhecemos há muitos anos e eu já ando envolvido em investigações de crimes violentos faz muito tempo. Eu vejo ódio como na maneira como eles foram mortos. Receio que o X marcado no peito das vítimas, já cadáveres, utilizando um instrumento cortante, signifique vingança, como referiu o Frederico. Estou convencido que vai haver mais vítimas e que estamos perante executores, frios e com um qualquer plano. Vai ser difícil.
Basicamente, penso o mesmo que vocês, mas interrogo-me por que razão foi decidida a criação de uma equipa especial para este caso? Não gosto disto, leva-me a pensar que alguém, quando nos forneceu os dados sobre os dois crimes, se esqueceu de algum dado relevante.
Figueiredo, você dá-se bem com pessoal das brigadas de investigação da PSP e da GNR. Veja se descobre o que eles esconderam. Por norma estes crimes têm assinatura. O relatório do médico forense indica que na letra X aparece um orifício, provavelmente feito com um alfinete. Será que havia alguma mensagem e que alguém omitiu o facto, para proteger alguma investigação em curso?
- Frederico, agarre-se ao computador e elabore um ficheiro com todos os casos conhecidos já julgados ou por julgar nos três últimos anos. Quero crimes por assalto à mão armada com sequestro e violação. Quero saber os dados sobre os suspeitos ou condenados e principalmente conhecer as vítimas, onde moram, o que fazem, quem são, etc.
Esta sala será daqui em diante o nosso local de trabalho. A porta é fechada e só se abre para limpeza na presença de qualquer um de nós. Reunimo-nos amanhã ao meio-dia.

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