domingo, 30 de janeiro de 2011

OS CRIMES DO X





5º. Episódio

Quinta-feira, 12 /11/2009
Como receava dormiu mal. Ainda foi à procura do medicamento que o médico que lhe receitara para aquelas ocasiões, não o encontrou e de repente lembrou-se que nem o tinha comprado. Melhor assim, pensou Artur Monteiro, já que mesmo que com dificuldade, quero sentir o pensamento livre e não condicionado por uma droga qualquer. Levantou-se muito cedo, como costume, e foi ao café perto de casa, aberto às sete horas da manhã, para o pequeno-almoço. O senhor Luís, dono do pequeno estabelecimento, já o conhecia e serviu-lhe o habitual. Um café duplo, uma garrafa de água e um pão com manteiga e voltou a resmungar, que o Doutor não tendo juízo ainda vai ter uma surpresa.
Entrou no gabinete, cerca das oito e trinta da manhã, levava dois jornais, que lia de relance, até porque repetiam as mesmas notícias.
Mas naquele dia, reparou numa pequena nota, referindo que a Polícia andava no encalço de alguém, que decidira fazer justiça pelas próprias mãos. Teriam sido encontrados, mortos e torturados, dois conhecidos assaltantes. Uma fonte de confiança, garantira ao jornal que, brevemente, iria ser feita uma detenção.
Acabava de ler o que teria sido uma fuga de informação, na altura em que o Figueiredo e o Frederico entraram na sala.
Figueiredo, olhando para o amigo comentou: - Então Monteiro voltaram as noites sem dormir? Tem cautela e lembra-te que os amigos servem para os momentos difíceis.
Isto é um período que há-de passar, agora olhem e vejam e notícia. Alguém andar a passar informações.
Oh chefe o que aí diz é conversa de corredor, porque a verdade é que quem a escreveu e quem a passou, não sabem de mais nada.
Tudo bem, então contem lá o que ontem me quiseram esconder.
Então é assim, localizamos o ferro velho, tivemos alguns problemas porque o guarda estava armado de caçadeira e não nos queria deixar entrar. Lá o convencemos e ele contou-nos que era assaltado com frequência. Ainda há dias, não soube precisar quando, alguém entrou no recinto, e roubou-lhe uma carrinha. Ainda por cima era a única que andava e que ele utilizava.
Fomos dar uma volta ao recinto, é maior do que supúnhamos, e a rede à volta tem tantos buracos que não guarda nada. Ele foi connosco e lá nos informou que a carrinha era uma “Ford" de caixa fechada.
Porém e quando nos estávamos a despedir, o pobre homem, vira-se para nós de olhos arregalados e aponta uma carrinha, escondida num monte de sucata, jurando que era a que lhe tinham roubado. A surpresa do homem era genuína, e para nós foi uma confirmação que não esperávamos. Chamámos a brigada científica para colher impressões digitais e recomendamos que tivessem particular atenção a vestígios de sangue ou outros fisiológicos. Estivemos com eles até acabarem o trabalho, fechamos e selamos a carrinha que ficou guardada junto à porta do sucateiro. Os colegas da científica não deram grandes esperanças já que, o interior da carrinha tinha sido meticulosamente queimado.
Agora Frederico, conta o resto que eu já estou cansado.
Então andamos um bom bocado a pé, por um caminho de terra batida mas com tantas pegadas que não dava para ver nada em concreto, e fomos ao posto de abastecimento. Eles tinham a funcionar câmaras de vídeo cobrindo a área das bombas, do escritório e uma parte da entrada do parque.
Apreendemos as cassetes desde o dia 15 até ao dia 26 de Outubro. Estão aqui para as visionarmos. Não devemos alimentar grandes esperanças. Quem executou os crimes sabe o que anda a fazer. Não é um amador qualquer, que se lembra de queimar o interior da viatura, dificultando a obtenção de indícios.
Sim, é trabalho de profissional, disso podemos estar certos, concluiu o Inspector Monteiro.
Mas meus amigos, de tarde vamos olhar as cassetes, e depois descansamos. Porque não se esqueçam, hoje é a noite do predador.

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