quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

OS CRIMES DO X






2º. Episódio
O Subinspector Figueiredo decide abordar um amigo e colega, com um convite para uma cerveja, do sítio do costume. Os dois amigos encontram-se sentados ao balcão, quando Figueiredo, numa forma pretensamente casual, comenta com o amigo que tinha ouvido falar, nos corredores, nos dois indivíduo encontrados mortos, havendo quem falasse de execução. A mim, diz para o colega, custa-me a acreditar nessa teoria. Tanto quanto sei eram dois delinquentes sem ligações.
Rodrigues, olhando para o colega pergunta:
Olha lá, tu convidaste-me para uma cerveja mas afinal, o que queres é falar do assunto do momento. Queres tirar nabos da púcara?
Não é isso, responde Figueiredo, é que eu dei comigo a pensar que falta qualquer coisa. Pelo que eu ouvi, parece que a posição dos corpos foi encenada. Se o foi, deve haver outra razão, quem sabe vingança, só que nestes casos os criminosos costumam deixar uma mensagem.
Rodrigues mexe-se por não se sentir confortável e responde:
- Talvez a mensagem seja a própria posição das vítimas, de mãos atadas, como se estivessem a pedir misericórdia.
Sim, até podia ser, mas para crimes de vingança o criminoso deixa uma marca, ou ou aviso.Para mim havia uma mensagem escrita e alguém ficou com ela.
Oh Figueiredo, como é que tu sabes isso?
Não sabia mas agora já não tenho dúvidas. Arranjas uma cópia e o assunto fica entre nós?
Por essa conversa lá me levaste, reconhece o amigo. Uma cópia não, o que posso é dizer-te o conteúdo, que se resume a duas palavras escritas com letras de carimbo, embebidas em tinta vermelha. O bilhete, cartão pequeno e vulgar dizia Vento Divino. Só isto.
Agora percebo, diz Figueiredo, os investigadores receiam tratar-se de um justiceiro. E quando se fala em fazer justiça pelas próprias mãos, a opinião dos jornais é que é obra da Policia. Faz todo o sentido, a reserva na informação. Obrigado velho amigo, descansa que a minha boca é um túmulo e da equipa a que pertenço não há fugas.
Como ficara acordado, os três investigadores reuniram-se na sala reservada.
Era uma quarta-feira, dia 11/11/2009. O Inspector Monteiro, dirigindo-se aos dois colegas, alertou:
- Como podem ver os painéis na parede, servirão para colocar toda a informação relevante sobre este caso, desenhar cenários e procurar estabelecer padrões. Eu dos meus contactos tive uma confirmação que aliás já esperava. Não se trata de ajuste de contas entre bandos rivais e o assassino não é do meio.
Agora Figueiredo, avança para o quadro e escreve o que está prestes a soltar-se. Descobriste algo importante e isso pode ver-se no teu rosto. O que foi?
O Subinspector Figueiredo, levanta-se, caminha na direcção do painel principal e bem ao meio escreve a palavra : Vento Divino.Afasta-se para o lado, todos lêem e ele comenta:
Os crimes estavam assinados. Por razões que até podemos entender, esta mensagem não foi divulgada. A mensagem é um cartão branco ou parte de uma folha de caderno vulgar que se vende em qualquer lugar, escrita a letras em maiúsculas VENTO DIVINO. Foi previamente escrito, utilizando aqueles carimbos de madeira, que se encontravam em qualquer papelaria.
Queres tu dizer que os crimes foram premeditados, não é assim? Ou são vingança ou pretendem desviar a atenção, baralhando. Preocupa-me esta última hipótese pois isso significa que alguém definiu o objectivo final, e desenvolveu uma estratégia. As vítimas podem ser apenas um ensaio ou, o que é mais provável, servirem de cortina de fumo. Bom trabalho Figueiredo.
Frederico levantou-se do lugar e dirigiu-se ao quadro e transcrevia notas manuscritas,que ia resumindo:
Reparem que a primeira vítima foi morta no período entre as quatro ou cinco horas antes do cadáver ter sido encontrado. Como foi cerca das 9 da manhã, a morte deve ter-se verificado entre as quatro ou cinco horas da madrugada do dia 16 de Outubro.
A segunda vítima, o corpo só foi encontrado perto do meio-dia, e os peritos médicos calculam que a morte tivesse ocorrido cerca das três da manhã. Logo assinalamos como data provável da morte, a madrugada do dia 23 de Outubro.
Podem notar que são sextas-feiras, assim o dia da caça é a quinta-feira.
Já agora, quero dizer-lhe senhor Inspector, que a listagem que pediu ainda não está pronta. Amanhã terminarei se receber algumas participações que não estão na base de dados.
Ok, Frederico, quando concluir prepare, para nós, mais dois exemplares.
O que eu acho estranho é o dia dos crimes. Quinta-feira? Deve ter algum significado!

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